“O município quer dar a conhecer por que razão este é um dos episódios mais marcantes na história de Portugal e da Europa. Aqui as tropas francesas sofreram a primeira derrota, dando início ao princípio do fim de Napoleão Bonaparte. Por isso, não lhe faltarão razões para conhecer e viver esta história.” É assim que o presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço convida toda a gente a assistir à recriação histórica de um dos episódios mais marcantes na história de Portugal.
Em parceria com a Rota Histórica das Linhas de Torres e a Associação de Cultura e Recreio 13 de Setembro de 1913, o programa tem início no sábado, dia 19, às dez horas, com o desfile dos grupos de recriação histórica, seguido do hastear da bandeira nos Paços do Município. Durante o dia, entre as 11 e as 18 horas, a Praceta 25 de Abril será palco de oficinas interativas, danças oitocentistas e animação de rua. Um dos momentos mais aguardados é a recriação da captura de um soldado inimigo e o julgamento.
José Alberto Quintino, presidente do município, refere a recriação histórica do Combate do Sobral, marcada para sábado, às 22 horas, como o ponto alto das comemorações, quando as tropas aliadas (portuguesas e britânicas) enfrentaram as tropas francesas lideradas por André Massera, o “filho querido da Vitória” como lhe chamava Napoleão, precisamente na vila de Sobral, a 12 de outubro de 1810. “Este combate decisivo, que teve lugar frente às Linhas de Torres, é uma das páginas incontornáveis da história de Portugal e da Europa, onde as tropas francesas sofreram a sua primeira derrota e viram gorado o objetivo de ocupar Lisboa”, acrescenta o presidente à New in Oeste.
A recriação histórica está marcada para a noite de dia 19 de outubro, na Praça Dr. Eugénio Dias, em Sobral de Monte Agraço. Ao longo do dia, os visitantes vão poder ter uma experiência imersiva do combate de Sobral através da realidade virtual disponível no Centro de Interpretação das Linhas de Torres, podendo assistir à captura de um soldado francês e ao julgamento, enquanto os mais novos constroem um chapéu para “três cabeças”.
“Quem nos vier visitar pode descobrir o que os soldados levavam na mochila, experimentar manusear um mosquete ou assistir às manobras de uma peça de artilharia e conhecer como era um abrigo de guerrilha. Será uma experiência rica em conhecimento e emoção.”
A festa vai começar com o desfile dos grupos de recriação histórica pela Avenida Marquês de Pombal, seguido de oficinas interativas e, ao cair da noite, a recriação histórica do Combate de Sobral, na Praça Dr. Eugénio Dias.
No domingo, dia 20, será realizada uma homenagem ao esforço do povo português na construção das Linhas de Torres, seguida da Cerimónia Comemorativa do Dia Nacional, que incluirá o lançamento da banda desenhada “O Forte” e a atribuição dos Prémios Wellington Honour, que premeiam o mérito de pessoas ou entidades em cinco categorias: acessibilidade e inclusão, ambiente e sustentabilidade, cultura e criatividade, desporto e aventura, e promoção e divulgação.
As celebrações das Linhas de Torres não se confinam apenas à programação de fim semana. Entre os dias 9 e 27 de outubro estará a decorrer a iniciativa “À mesa dos Generais”, onde pode comer um Bife Wellington — numa referência ao famoso duque britânico — no restaurante Pôr do Sol, em Via Galega.
Os 85 quilómetros das Linhas de Torres e a importância do Sobral
O Dia Nacional das Linhas de Torres foi criado a 17 de outubro de 2014 pela Assembleia da República que deliberou instituir o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de Torres. A escolha do dia 20 de outubro deveu-se ao seu simbolismo, já que foi nesta data que a Wellington deu a ordem para o início da construção das linhas que defenderiam Lisboa da ocupação francesa.
As Linhas de Torres Vedras foram um sistema militar defensivo, erguido a norte de Lisboa, entre 1809 e 1810. No mais profundo secretismo, o futuro duque de Wellington, traçou uma estratégia de defesa que consistiu em fortificar pontos colocados no topo de colinas, para controlar os caminhos de acesso à capital de Portugal, reforçando os obstáculos naturais do terreno. Este sistema, constituído por três linhas defensivas, estendia-se entre o oceano Atlântico e o rio Tejo, por mais de 85 quilómetros.
Quando ficou concluído contava com 152 obras militares, armadas com 600 peças de artilharia e defendidas por cerca de 140 mil homens, tornando-se no sistema de defesa mais eficaz, mas também o mais barato da história militar da Europa.
Durante o mês que os franceses assediaram as Linhas de Torres, os combates de Sobral Monte Agraço, Dois Portos e de Seramena foram importantes para travar o ímpeto atacante de Napoleão. Face à fome das tropas francesas devido à política de terra queimada e aos reforços que não chegavam, às ações de desgaste provocadas pela “guerrilha” portuguesa, bem como reconhecendo a intransponibilidade das Linhas de Torres Vedras, o marechal Massena decide, na noite de 14 para 15 de novembro, decide mandar recuar o seu exército para não mais voltar a ameaçar estas Linhas.
A partir dali as tropas de Napoleão perderam o ímpeto atacante, enquanto aguardavam reabastecimentos e reforços que não apareceram. A 15 de novembro de 1810, o marechal Massena ordenou a retirada das tropas francesas, tendo início a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte, que seria concretizada a 18 de junho de 1815, na batalha de Waterloo.
O Dia Nacional das Linhas de Torres é organizado pelo Município de Sobral de Monte Agraço, em parceria com a Rota Histórica das Linhas de Torres e com a Associação de Cultura e Recreio 13 de Setembro de 1913.
Conheça o programa completo das celebrações.
19 de outubro
10 horas — Desfile dos grupos de recriação histórica — Avenida Marquês de Pombal
10h30 — Hastear da bandeira — Paços do Município
11 às 18 horas — Oficinas e animação de rua — Praceta 25 de abril
19 horas — Arrear da bandeira
21h30 — Desfile dos grupos de recriação histórica — Avenida Marquês de Pombal à Praça Eugénio Dias
22 horas — Chegaram os franceses: Recriação do Combate de Sobral — Praça Dr. Eugénio Dias
20 de outubro
10 horas — Hastear da bandeira
10h30 — Homenagem ao esforço do Povo Português na construção das Linhas de Torres — Praça Dr. Eugénio Dias
15h30 — Cerimónia Comemorativa do Dia Nacional das Linhas — Lançamento da Banda Desenhada O Forte e Atribuição dos Prémios Wellington Honour
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