No século XII, monges da Ordem de Cister vindos de França trouxeram para a região Oeste o saber do cultivo da ginja e o segredo de a transformar em licor. Segundo os registos históricos disponíveis, quando estes religiosos se instalaram nos conventos de Óbidos e Alcobaça, estariam longe de prever que, nove séculos depois, a receita se iria perpetuar. Hoje, é uma das mais icónicas do País e foi reinventada em sabores inesperados como red velvet, bolo-rei ou bola de Berlim. É o que faz a Chocolicor, nas Caldas da Rainha.
Fundada em 1992, esta empresa familiar atravessou décadas de altos e baixos, resistiu à pandemia e assumiu-se com uma referência na produção de licores artesanais. Agora, a loja da marca foi transformada num museu, com o objetivo de se tornar num verdadeiro ponto de paragem obrigatória para quem visita a região. A ideia é dar a provar alguns dos melhores licores nacionais e dar a conhecer a história de uma marca que cresceu entre alambiques antigos e inovação artesanal.
O espaço foi totalmente renovado este ano e o museu abriu portas em maio. A visita guiada começa com um percurso entre relíquias que testemunham o passado da destilaria — como o alambique original, datado dos anos 40, utilizado pelos fundadores — e continua com a exibição de um vídeo sobre o processo de produção. “Queríamos que as pessoas percebessem que os nossos licores são feitos com o mesmo cuidado e respeito pela tradição que sempre tivemos”, explica Cristina Jambas, gerente do negócio, em conversa com a NiO.

O ponto alto da experiência é a prova de degustação. Primeiro, realiza-se uma prova cega entre duas ginjas — a artesanal da Chocolicor e uma ginja comercial — que desafia o paladar dos visitantes, que são convidados a preencher um questionário relatando as sensações evocadas por cada bebida. Segue-se a degustação de três ou cinco entre os 14 licores da linha Premium, conforme a escolha da visita, acompanhada por petiscos doces e salgados. Após a prova, cada participante recebe uma miniatura de licor e um voucher para a loja online, podendo ainda experimentar outras variedades que não foram incluídas no momento de prova. O custo da experiência é de 25€ para a opção com três licores e 30€ para a com cinco, com marcação disponível online.
Além disso, quem for a passar na zona e quiser apenas visitar o museu e provar alguns licores, sem fazer a prova sensorial, pode também fazê-lo gratuitamente, dentro do horário de funcionamento. Basta tocar à campainha e será certamente bem recebido pela equipa da Chocolicor.
Cristina sonha agora dar mais um passo: “O nosso objetivo é abrir as portas da fábrica e criar um circuito de visita que permita ver de perto todo o processo de produção — da destilação ao engarrafamento. Queremos que as pessoas sintam o cheirinho dos frutos, o calor dos alambiques e o toque artesanal que distingue os nossos produtos.”

A Chocolicor já não é a mesma de há trinta anos. Antes, apostava em grande escala e vendia para as principais cadeias de distribuição. Mas, com a chegada da pandemia de Covid-19, a estratégia mudou. “Decidimos abandonar a produção industrial e focar-nos naquilo que sabemos fazer melhor: um produto artesanal, 100 por cento natural, que marcasse a diferença em relação à concorrência pela qualidade. Além disso, deixámos de distribuir para as grandes superfícies. Apenas vendemos online, para o comércio local, e em eventos”, recorda Cristina.
Hoje, são apenas cinco colaboradores — todos familiares — a manter viva uma marca que voltou a crescer apostando na autenticidade e no contacto direto com o cliente.Parte do sucesso deve-se também à criatividade. Além da famosa ginja, a Chocolicor é reconhecida pelos seus licores de base láctea com sabores únicos, como bola de Berlim, bolo-rei, pão de ló ou red velvet.
“Gostamos de surpreender, de criar algo que ainda não exista no mercado”, sublinha. “O licor de caramelo salgado é atualmente um dos mais vendidos e já inspirou várias marcas concorrentes.”
Quanto ao desenvolvimento destes novos produtos, Cristina refere que é um processo que envolve muita experimentação: “Os sabores vão surgindo a partir de ideias que vamos discutindo nas reuniões. Por exemplo, o primeiro licor de base láctea que fizemos, ainda durante a pandemia, foi o red velvet. A sugestão partiu da minha filha, que também trabalha connosco. Depois, fazemos vários testes até chegarmos a um consenso: é lançado quando todos concordamos que está pronto”.
E vêm aí mais novidades: no final de outubro, será lançado um novo licor, que está a ser desenvolvido há três anos. Cristina não desvendou qual será o sabor, mas garante que vai conquistar especialmente o público mais jovem.

Além destas receitas inovadoras, a Chocolicor também produz versões mais tradicionais, como a ginjnha, a ginja com chocolate e os licores de poejo, de café e de canela. Além disso, distingue-se pelo engarrafamento, ao dispor de garrafas com formatos fora do comum, como as que têm a forma de falos das Caldas.
Carregue na galeria para conhecer alguns dos produtos disponíveis na loja da Chocolicor.

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