O Castaway Guesthouse Peniche abriu a 7 de abril de 2017 para aproveitar um nicho de negócio em expansão. A casa dos anos 60 em Ferrel, concelho de Peniche, era do avô Joaquim. A mãe Virgínia Severino herdou e recuperou-a com a ajuda do pai, Vítor Severino, e Pedro Severino idealizou, desenhou o conceito e ajuda a gerir este micro-hostel. Ou seja, trata-se de um negócio de família.
A recuperação da antiga casa que demorou cerca de um ano, entre obras ao final da tarde e pela noite dentro e, essencialmente aos fins de semana, foi realizada pela família. “O meu pai é carpinteiro e fizemos todo o interior em madeira, os beliches, o chão, o teto, a decoração foi tudo feito por nós”, afirma Pedro Severino. O atendimento, check-ins e as limpezas são feitos pela dona Virgínia.
Apesar de parecer um projeto simples feito em madeira, é totalmente o oposto. “Queríamos um design diferenciador, todos os hostéis que vimos na zona eram mais do mesmo, mobílias do IKEA, beliches básicos e, com o que havia no mercado, equipavam a casa e preocupavam-se depois com o resto. Basicamente, tentámos criar um hostel diferente e com bom gosto”.
E essa diferença nota-se em cada detalhe. “Os beliches foram desenhados, projetados e criados por nós. Inicialmente, nos primeiros anos, os beliches não tinham cortinas, mas com o passar do tempo, verificámos que era importante e, agora, já temos. Apesar de ser um hostel diferenciador, também não podemos esquecer as necessidades e as preferências dos clientes.”
Mais uma vez, Pedro explica-nos tudo ao pormenor: “O nome Castaway representa o náufrago. Queríamos ter algum tema marítimo, mas que não caísse na saturação, com tudo ligado ao surf.” Parece que conseguiram, mas mesmo assim a família ainda foi mais além: “Quisemos ter algo relacionado com o nome também e, por exemplo, os cacifos e o sofá têm desenhos das caixas de madeira de transporte de mercadoria”.
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Ao caminharmos pela casa, podemos ver que o teto tem vários tons. As quatro diferentes tonalidades dispostas aleatoriamente representam o naufrágio numa ilha. “Caso se quisesse proteger, o náufrago teria de fazer com o que sobrou do barco, tinha de fazer a cobertura com o que tinha sobrado do naufrágio”.
O que não é usual, é um náufrago sentir-se tão confortável como neste espaço em Ferrel, pois “o chão é todo feito em soalho de pinho, tornando-se mais confortável para os clientes andarem descalços, algo que costumam fazer normalmente, tornando a experiência mais acolhedora.”
A definição de micro-hotel dada por Pedro deve-se não só pelo espaço físico, dois quartos com dois beliches, com capacidade cada um para quatro pessoas, e casa de banho, mas também pela filosofia do projeto. “Não é um hostel social de grandes convívios, apesar de partilharem a vontade de dividir espaços e viver nesse espírito, não estão à procura de nada muito festivo. Preferem partilhar o espaço deles com outros, mas num ambiente mais informal e tranquilo.”
A descrição do espaço e dos serviços também ajuda a justificar a opção caseira deste tranquilo hostel, muitas vezes escolhido pelos turistas de surf. Cada estadia, que varia entre os 22€ e 45€ por pessoa, tem o pequeno-almoço incluído, com pão, queijo, manteiga, doce, manteiga de amendoim, chocolate, leite soja, chás e máquina de café. Há aveia para quem quer usar e, no verão, a dona Virgínia faz questão de oferecer tomate já fatiado e fruta da época.
Quarto exclusivamente feminino e planos para o futuro
Os clientes mais frequentes do espaço, a cerca de dois minutos de carro da ilha do Baleal, são os adeptos de surf, que costumam pernoitar até uma semana. Englobam-se os que já sabem surfar e vêm aproveitar as ondas, os que procuram aprender e aderem aos serviços dos parceiros locais, como as escolas de surf, ou os nómadas digitais, que chegam a ficar durante duas semanas e que aproveitam a zona para tirar o melhor partido do tempo livre. Mas o denominador comum é terem um final do dia e noites mais tranquilos.
Contudo, na zona Oeste, é difícil não ser refém dos meses quentes. “90 por cento dos clientes são estrangeiros e a época alta é no verão, estamos sempre reféns do verão. Ainda não conseguimos uma época boa ao longo do ano. No ano passado estivemos entre os 80€ e 90€ em agosto e setembro, o pior são os outros dez meses”.
Apesar disso, há sempre maneiras de tentar chamar a atenção e atrair mais clientes. Um dos quartos é exclusivamente feminino, “o objetivo era criar um hostel diferenciador e normalmente os dormitórios são todos mistos. “Verificámos na pesquisa que havia um mercado feminino e decidimos arriscar e fomos por aí”, justifica Pedro Severino.
Há aspetos comuns noutros sítios que a família Severino não descurou, como um sofá grande, sala de jantar e a cozinha totamente equipada, onde se podem fazer as refeições. O pátio exterior tem chuveiro para tomar banho depois do surf e da praia e há ainda uma churrasqueira e espaço adequado para colocar as pranchas e bicicletas.
Apesar de tudo isto, há espaço para mais. “No anexo contíguo à zona exterior está uma antiga garagem, que está a ser convertida num loft para tentar diversificar a oferta para quem procura algo (ainda) mais privado. É uma casa toda equipada para o máximo de quatro pessoas, mas que seguirá o nível de design do original.”
Carregue na galeria e conheça melhor o projeto da família Severino que espera por si durante todo o ano.