Tranquilidade e harmonia é o que se respira neste empreendimento. Há uma energia diferente, que se sente e faz com que se pare, escute e respire. “Aqui tudo é fabricado em Portugal. O que não consegui arranjar na freguesia ia buscar a outros concelhos. Até os colchões. Nós pensamos que o acordar aqui era tão mágico que tínhamos que oferecer o maior conforto possível”, começa por contar a família Magalhães à NiO.
Esta família nutre um amor imenso a cavalos e ao mundo equestre. Joana é a filha mais velha de dois irmãos. Desde sempre, que gostou de animais e a paixão por cavalos foi crescendo. Tinha quatro anos quando começou a montar, seguindo o exemplo da mãe e do trisavô, Vitorino Froes. Froes, foi nos primeiros anos do século XX, um dos mais famosos cavaleiros tauromáquicos do País, com ligações próximas ao rei D. Carlos.
“Viemos para um terreno que tinha na freguesia de Alvorninha, a maior das Caldas da Rainha, com uma baixa densidade populacional. Começámos a construir a nossa casa e a Joana passou a infância aqui, sempre ligada aos animais”, adianta o pai, Jorge Magalhães, de 62 anos e natural das Caldas da Rainha.
A família é sócia fundadora do Oeste Lusitano, um dos festivais equestres mais icónicos da região. A iniciativa chegou a dar a Joana a possibilidade de fazer um estágio na área em São Paulo, no Brasil, quando tinha apenas 14 anos. Seguiu para Abrantes para fazer o 12º ano já em Gestão Equestre e, depois disso, completou os estudos na área de turismo de natureza e aventura.
O que começou por ser uma brincadeira tornou-se algo cada vez mais sério. No início dava aulas de equitação a amigos e familiares. Agora, aos 24 anos, é a grande responsável pelos cavalos na Equinatura Silver Coast, e das aulas de equitação.
“Quando veio a pandemia de Covid-19, começámos a pensar na possibilidade de transformar a nossa quinta em algo mais. É um sítio tão mágico e queríamos que as pessoas pudessem usufruir dele”, explica a família. Tudo começou com os cavalos, mas depois incluíram também a vertente do alojamento, a funcionar desde o dia 21 de junho de 2024.
A ideia era terem casas ao nível das árvores, algo charmoso. O resultado foram três unidades de alojamento (o fogo, a terra e a água) em terraços elevados, ao nível da copa das árvores. Seguros da importância do desenvolvimento de uma consciência ambiental e social, o empreendimento privilegia a sustentabilidade, apostando no reaproveitamento das águas, tratamentos de resíduos, produção de energia solar e o desenvolvimento local, tendo em conta que privilegiaram os materiais e mão de obra locais.
Foi através de uns amigos que Jorge encontrou os colchões ideais, no norte de Portugal, e que não são só incrivelmente confortáveis, mas igualmente ecológicos, feitos com desperdício de lã de ovelha, crina de cavalos e penas de ganso. Até as almofadas são feitas de casca de árvores recicladas. Aliás, há um menu de almofadas, todas naturais, que pode escolher com maior ou menor densidade.
“A aposta foi em criar uma atmosfera em que uma pessoa sinta que se quiser vir para aqui só não fazer nada, ou só ter paz, também pode”, acrescentam. O projeto foi tomando forma envolvendo toda a comunidade local, e em economia circular, quase sempre em trocas de serviços. E o balanço destes primeiros meses é bastante positivo.
“O pequeno-almoço é o nosso ponto de honra”, adiantam à NiO. Pode ser tomado nos quartos, onde são preparados e entregues em cestos, na cozinha comum ou na comprida mesa do lado exterior. A ideia é ter aqui quase um brunch disponível, em buffet que pode incluir ovos mexidos, enchidos e queijos, legumes, tudo preparado por Rita, a mãe desta família.
Tudo foi feito ao longo dos anos, com a ajuda de todos, incluindo de Francisco, o mais novo da família com 21 anos e que já nasceu nas Caldas. Haverá com certeza sempre algum novo projeto em mãos, é algo que faz parte da génese dos Magalhães. Rita, por exemplo, diz que é desta que vai arranjar uma rulote para recuperar e fazer uma biblioteca.
Por quererem criar algo realmente calmo, a Equinatura só aceita hóspedes com mais de 18 anos. Além das três unidades de alojamento e das aulas e passeios de cavalo (custam 80€ por uma hora), o agroturismo oferece também uma piscina exterior e uma zona de ioga e meditação, à qual deram o nome “Namastê”.
Ainda dentro da propriedade é possível fazer passeios a pé ou de bicicleta. Ainda que seja dada total privacidade aos hóspedes, os elementos da família estão sempre disponíveis para dois dedos de conversa, nesta casa, a hospitalidade é uma das grandes mais-valias.
Nos próximos dias 5 e 6 de setembro está marcado um estágio equestre “Equi Fun” para miúdos. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas através do email equinaturasivercoastmail.com. O horário é das 9 às 17 horas. Custa 45€, com almoço incluído, por dia. E para breve haverá uma aula aberta de ioga na segunda quinzena de setembro.
Quanto aos valores da estadia, os preços variam entre os 160€ e os 200€ por noite. As reservas podem ser feitas online.