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Joana Carapeta quer transformar o mercado imobiliário do Oeste com o home staging

Natural de Torres Vedras, a empreendedor criou a marca Scenário e é pioneira na aplicação da técnica em imóveis da região.

A expressão home staging ainda soa a novidade para muitos portugueses, mas em países como os Estados Unidos ou o Reino Unido é uma técnica essencial no mercado imobiliário. Em Torres Vedras, há uma profissional a dar os primeiros passos para consolidar este conceito na região: Joana Carapeta, decoradora certificada e fundadora da marca Scenário.

Após uma década a trabalhar em organização de eventos e de uma experiência de três anos na Suíça, Joana regressou a Portugal decidida a mudar de rumo. “Descobri que estava grávida da minha segunda filha e depois disso senti que era o momento de fazer algo de que realmente gostasse”, conta, em conversa com a NiO. Foi assim que se certificou em decoração de interiores, que já incluía uma componente de home staging. “Descobri por acaso esta técnica de marketing e achei fascinante o que ela podia fazer por um imóvel”, recorda.

Insatisfeita com a primeira formação, Joana procurou especializar-se ainda mais e obteve uma certificação profissional, reconhecida nacional e internacionalmente, sob a tutela de Rita de Miranda, considerada a mentora do home staging em Portugal. “Quando terminei, senti que tinha todas as ferramentas para entrar no mercado”, diz.

Afinal, o que é o home staging?

A tradução literal seria algo como “encenação da casa”. A técnica nasceu há mais de 50 anos nos Estados Unidos, pela mão de Barb Schwarz, uma antiga profissional da Broadway que percebeu que a apresentação visual de um imóvel podia ser determinante na venda. O conceito baseia-se em valorizar um espaço através da decoração, iluminação, disposição do mobiliário e até dos aromas, para criar uma ligação emocional com quem a visita.

“É uma ferramenta de marketing imobiliário”, explica Joana. “O objetivo é valorizar o imóvel, vendê-lo mais depressa e, idealmente, por um preço superior. Queremos que a pessoa entre e pense: consigo imaginar-me a viver aqui.”

A diferença relativamente à decoração de interiores é clara: “Enquanto a decoração personaliza um espaço para um cliente específico, o home staging faz exatamente o contrário — despersonaliza-o. Tiramos fotografias pessoais, coleções, tudo o que possa distrair o comprador. Trabalhamos para o público em geral, para que qualquer pessoa se consiga imaginar naquele espaço.”

Joana explica que cada detalhe conta — desde a circulação entre divisões à iluminação. “Quando se entra numa casa com home staging, por exemplo, as luzes estão sempre acesas. Além disso, é importante tornar as divisões amplas e que transmitam uma sensação de conforto que agrade à maioria. Para isso, é preciso encontrar soluções de mobiliário, arrumação, organização e muitas vezes até de seleção de utensílios. Tudo isso ajuda”, afirma. Os resultados são comprovados: “Esta técnica pode reduzir o tempo de venda e aumentar o preço final entre 7 a 10 por cento”, aponta.

O home staging permite que o imóvel seja vendido mais depressa.

Quanto aos valores do serviço, Joana aponta que, em média, representa um investimento de entre 1 a 3 por cento do valor do imóvel. Além disso, explica que, de acordo com estudos do setor, somente 10 por cento das pessoas conseguem olhar para uma divisão vazia e obter uma imagem mental de como poderá ficar com mobiliário. “O home staging ajuda exatamente os restantes 90 por cento. Mostramos como o espaço pode ser vivido, o que o torna mais apelativo e próximo.”

Uma pioneira no Oeste

Natural e residente em Torres Vedras, Joana quis trazer o conceito para a região. “Na zona Oeste não havia ninguém a atuar nesta área. Os trabalhos, poucos, têm sido feitos por profissionais de Lisboa. Achei que fazia sentido criar aqui uma referência local”, afirma.

A empreendedora trabalha a partir de casa, mas passa muito tempo nos imóveis dos clientes. “Para já, trabalho sozinha, mas adoro parcerias e estou sempre aberta a colaborações”, diz.

Joana defende que esta é uma profissão onde o improviso e a criatividade são essenciais. “Muitas vezes, o cliente tem recursos limitados ou pouco tempo. Cabe-nos ser criativos e encontrar soluções que transformem o espaço.” Para ela, o home staging é, acima de tudo, uma arte de gerar emoções. “Trabalhamos os sentidos — o olhar, o olfato, o tato. Podemos usar música, aromas e texturas para criar uma experiência completa. Só falta o bolo acabado de fazer”, brinca.

Entre os seus clientes estão consultores imobiliários, proprietários particulares e investidores. “Também trabalho com alojamentos locais, com foco na experiência do hóspede. Desde o mobiliário, ao cesto de boas-vindas ou aos objetos dispostos na casa de banho — tudo conta para criar impacto visual e emocional.”

Apesar de ter iniciado a atividade há apenas seis meses, Joana já prepara um marco importante: o seu primeiro open house de home staging em Torres Vedras, que irá acontecer no próximo dia 16 de outubro, na Rua das Cancelas, entre as 15 e as 19 horas.

O evento open house será na Rua das Cancelas.

O objetivo é abrir as portas do apartamento e mostrar, na prática, o que é o home staging. Quero que consultores imobiliários, investidores e público em geral vejam o resultado e compreendam o impacto desta técnica”, adianta. O convite é aberto ao público, e as inscrições podem ser feitas através do Instagram de Joana Carapeta, onde partilha o seu trabalho sob a marca Scenário.

“Será um evento informal, com café, conversa e uma visita explicada divisão a divisão”, adianta. Apesar de recente, a aposta da empreendedora promete trazer uma nova energia ao setor imobiliário do Oeste. “Este projeto é muito especial porque é o primeiro na minha cidade. Quero dar a conhecer o home staging e mostrar que, com pequenos gestos, é possível transformar totalmente a perceção de um imóvel”, conclui.

Carregue na galeria para ver alguns trabalhos de home staging da Scenário.

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