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Fogueiras, petiscos e convívio. Fomos à festa de São Brás na Nazaré e contamos-lhe tudo

O Carnaval começou a 3 de fevereiro com uma romaria ao monte de São Bartolomeu, uma tradição que passa entre gerações.
Vive-se o convívio e celebram-se as amizades.

Os anos passam, mas, na Nazaré, a tradição permanece: independentemente da data em que calha o Carnaval, a folia começa a 3 de fevereiro com a romaria ao Monte de São Bartolomeu. Este ano, a equipa da New in Oeste foi até lá para sentir o espírito desta festa e garantimos: a alegria do momento é contagiante. 

O São Brás, como também é conhecido, é um dos eventos mais antigos e vibrantes da vila, uma tradição profundamente enraizada na comunidade local. É uma celebração onde os nazarenos se reúnem no pinhal, junto ao Monte de São Bartolomeu, num ambiente de animação e muito convívio, que começa logo pela manhã. A romaria, que vai além de um evento religioso, é um momento de união e orgulho para todos os que vivem o Carnaval da Nazaré. 

Assim que chegam ao pinhal, os foliões acendem as fogueiras. O som das marchas carnavalescas, com sotaque e expressões locais, embala os passos e aquece corações — o convívio acontece, regado com vinho e muita comida.

Um dos momentos mais aguardados da festa é a apresentação dos reis de Carnaval, escolhidos entre os moradores da vila, em reconhecimento pelos feitos e pela sua presença marcante nos Carnavais dos anos anteriores. Este ano, Joaquim Mota e Carla Figueira têm a responsabilidade do reinado do entrudo, sob o mote “Tá injoada c’ma pardela”, uma expressão local que significa ver ou ouvir algo de que não se gosta.

Ao longo do dia, locais e visitantes (chamados de “palecos” pelos nazarenos) partilham refeições e convivem ao redor das fogueiras. A festa transforma-se num verdadeiro ponto de encontro para os nazarenos, onde se revivem memórias de outros carnavais, se reencontram amigos e se fortalecem os laços dentro da comunidade.

Laura Pescadinha Esperança, de 51 anos, é presença assídua na festa. “Vou ao São Brás desde sempre. Fazíamos piqueniques, onde entre família e amigos, a festa acontecia de fogueira em fogueira”, conta à New in Oeste.

Este ano, como o evento aconteceu a uma segunda-feira, a Câmara Municipal da Nazaré concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos. E até os alunos do Agrupamento de Escolas da Nazaré viram o início do segundo semestre ser adiado por um dia para que também pudessem estar presentes.

Foi o caso de Camila Anastácio, de 15 anos: “Eram 9 da manhã e já cá estava com os meus amigos”. No farnel levaram carne, enchidos, pão e batatas fritas. “É o início do nosso Carnaval, temos de comemorar e aproveitar para nos divertirmos”, acrescenta a pequena nazarena.

Na festa é obrigatória a compra das típicas “passarolas”, que são “colares” de maçã seca, curadas no fumeiro, e usados durante os dias de Carnaval, para ajudar a consolar o estômago durante a madrugada dos dias de carnaval.

As pessoas vestem os trajes típicos da Nazaré.

Adélia Dos Santos, de 60 anos, vestida com os trajes típicos da Nazaré, dança e canta enquanto serve uma taça de arroz doce à NiO. “É uma grande festa, o ambiente que aqui se vive é inexplicável. Temos que vir, é obrigatório”, refere a rainha do Carnaval em 2008. 

Os nazarenos sobem ao Monte de São Brás, um lugar místico, repleto de história e associado à lenda de Nossa Senhora da Nazaré. Lá podemos encontrar a pequena ermida caiada de branco e no seu altar o orago da capela, São Brás (Bispo e Mártir — protetor contra os males da garganta e dos animais).

Muitos dos que sobem dizem estar a pagar promessas, enquanto outros o fazem simplesmente por tradição. Com trajes típicos ou “ensaiadas” (mascaradas) caminham em direção ao monte e depois de alguma dificuldade para chegar ao topo a paisagem compensa.

A festa só acaba quando a luz da última fogueira se apagar e a música se deixar de ouvir. Afinal, o Carnaval está ainda agora a começar. 

Programa para os festejos de Carnaval

Com o início do entrudo feito no São Brás, as festas do Carnaval da Nazaré continuam até dia 5 de março. Nos próximos fins de semana, acontecem os “balhes” de rua onde a música nunca falta. Este domingo, 9 de fevereiro o baile tem encontro marcado às 15 horas no Largo da Misericórdia, na Pederneira, com a animação dos 2Easy (Júlio Estrelinha e Valter Loureiro). 

No dia 16 de fevereiro, o baile decorrerá no Largo da Nossa Senhora da Nazaré às 15 horas, no Sítio, com André Codinha e Ricardo Caneco. 

O fim de semana antes do carnaval é marcado pelo “Sábado Magro” que este ano calha a 22 de fevereiro. O dia em que os grupos de Carnaval saem à rua a anunciar que “ele” já está quase, quase a chegar. Grupos de homens e mulheres, como as Tenantas, as Alberqueras e os Bicicletas divertem-se na rua, numa roda-viva onde se anseia diversão, dança e muita música. 

Dia 28, sexta-feira de Carnaval, as crianças “ensaiam-se” e desfilam pelas ruas da vila, com roupas elaboradas nas escolas. Chegam, depois, os “dias gordos”. A 1 de março, haverá o desfile noturno a partir das 22h30 onde saem os carros alegóricos, levados a cabo pelos diferentes grupos e onde a festa se mantém pela noite fora. 

Domingo, 2 de março, amanhece ao som de gente barulhenta e às 11 horas há a receção dos reis no Paço Real, no Sítio. Pelas 15 horas acontece o tradicional desfile na marginal da Nazaré que reune centenas de pessoas todos os anos. O entrudo tem fim a 5 de março, quarta-feira, às 17 horas no areal em frente ao Centro Cultural da Nazaré.

Carregue na galeria para ficar a conhecer melhor a tradição do São Brás na Nazaré. 

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