A Festa de Verão de Atouguia da Baleia, em Peniche, celebra este ano a sua 50.ª edição. Uma das maiores festas tradicionais da região Oeste mantém os traços originais e, apesar de continuar a crescer, as entradas, de 13 a 17 de agosto, continuam a ser gratuitas.
Estávamos em 1974, meses depois do País ter começado a abraçar a liberdade quando um grupo de pessoas da vila decidiu organizar uma festa de verão para homenagear os emigrantes que vinham à terra. Nessa época, ficou em ata que os lucros da festa seriam sempre entregues à Sociedade Filarmónica. E assim se mantém há 50 anos.
A New in Oeste falou com Ana Filipa Fialho, presidente da direção da Sociedade Filarmónica União 1º de Dezembro de 1902 de Atouguia da Baleia. Ao contrário da esmagadora maioria dos tradicionais festejos anuais, esta organização não está a cargo de uma comissão de festas.
A presidente explica, que mesmo apesar de todo o trabalho de gerir uma associação durante todo o ano e ainda fazer a festa anual, este esforço é sempre gratificante. “São os lucros da festa que mantêm a casa aberta e, principalmente, a Banda Filarmónica viva durante o ano inteiro”.
Apesar de, nesta altura, o trabalho na instituição duplicar, ou “quadruplicar”, palavras da presidente, o resultado vale sempre a pena. “É sempre satisfatório porque a festa é boa e é gratificante ver que a festa cresce de ano para ano. Cada vez mais é uma festa com enorme importância no concelho”.
A Atouguia da Baleia é uma vila do concelho de Peniche e que tem a maior área de freguesia. Tem eventos como a Festa de Peniche e a de Ferrel, que ao longo dos anos se tornaram em festivais, com nomes conhecidos da música portuguesa.
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No cartaz deste ano, destaca-se, no dia 13, a atuação do Grupo Arkadia, seguido do DJ Aguillar. Na véspera de feriado, dia 14, há o tradicional concerto com a Banda Filarmónica da casa. Depois, a partir da meia-noite, o ambiente começa a aquecer com o DJ Ricardo Rosado, mas especialmente com a dupla mete Cá Sets.
O feriado do dia 15, dia especial da festa dedicada à Nossa Senhora da Asunção, começa bem cedo com as cerimónias religiosas, mas a animação com o Grupo One arranca pelas 23 horas. João Rivero sobe ao palco para animar o final de noite. Na sexta-feira, o Grupo AF e os DJ’s Nelson F & Ricardo Rosado, animam o ambiente. Para encerrar, a Banda Xeques Orquesta promete dar mais um enorme espetáculo, antes do DJ Naré e Nelson F terminarem o cartaz de 2024.
Presidente desde 2018, de 41 anos e natural desta vila, entrar para a direção em 2016 e consequente para presidente não estava propriamente no topo das prioridades. Contudo, há uma relação familiar que está cravada no lugar da sede da instituição que a fez aceitar este desafio. “Ali fora está uma pedra com o nome dos principais fundadores da casa e o meu avô materno é um deles, esteve entre os que, em 1965, estiveram envolvidos na construção da primeira sede.”
Para Ana Filipa, este é mais um fator que justifica a continuação da tradição. “É a única que mantém o especto tradicional das festas de verão, sem entradas pagas, com serviço de restaurante próprio, com quermesse, com os aspetos tradicionais que as pessoas continuam a procurar e que, cada vez menos se encontra, principalmente nas festas grandes”.
“A opção é para manter”, acrescenta: “Porque se passar para outro campo, morre. Um desafio grande é continuar a crescer a nível de publico sem perder a essência. Porque num dia em que se mude o chip, perdemos todo o tipo de público. Ou seja, cada vez o desafio é maior.”
Voluntários, precisam-se
Como nenhum evento se faz sem desafios nem sozinho, é preciso contar com todos. Atualmente, a direção da associação conta com 25 elementos, mas diariamente são precisas muitas mais para ajudar. “Precisamos sempre dos voluntários da localidade. Durante os cinco dias de festa, precisamos de 100 pessoas por dia, no mínimo”.
E há voluntários disponíveis? “Cada vez é mais difícil encontrar pessoas disponíveis para ir. Mas no final, elas acabam sempre por colaborar. Há o amor à terra, e quando precisamos mesmo de ajuda as pessoas aparecem, porque não vão deixar a festa morrer”, confessa.
Um evento desta dimensão, com um recinto com capacidade para cinco mil pessoas, quase sempre lotado, não se faz de um dia para o outro, muito menos apenas durante os cinco dias de festa. “Demora 15 dias a montar todas as estruturas, bares, cabine DJ, restaurante e tudo o resto e uma semana a desmontar e, evidentemente, muitas férias das pessoas que vêm ajudar, ficam prejudicadas, sendo cada vez mais difícil conciliar”.
Mas há sempre ajudas que são bem-vindas. “A Junta de Freguesia de Atouguia da Baleia dá um apoio fundamental. Passam dias a ajudar e durante os dias da festa há trabalhadores que estão connosco, até no feriado de 15 de agosto e nos dias de fim de semana. O presidente, António Salvador também está sempre disponível para o que for preciso. Nós conseguimos ter e organizar muitas coisas para a festa, mas sem os vários apoios da junta, seria muito mais difícil”, conclui.
Carregue na galeria e conheça melhor a Festa de Verão de Atouguia da Baleia.