fit

Não é só o sabor: comer carne mal passada é mesmo mais saudável?

A carne quer-se vermelha, "quase a mugir". Se o sabor aponta para uma direção, o que diz o nosso corpo? A NiT falou com um especialista para saber tudo.
Há cuidados a ter em conta.

Nunca, em cozinha alguma, um chef recebeu com um sorriso o pedido de “um bife muito bem passado”. Agora, além do óbvio argumento culinário contra este crime de confeção, junta-se-lhe o facto de a carne mal passada poder ser, efetivamente, mais saudável.

“A carne de vaca mal passada tem até algumas vantagens, porque possui níveis de ferro mais altos e outros compostos como a colina (nutriente relacionado com a função cerebral), que em altas temperaturas acaba por se perder”, explica à NiT o o nutricionista Rafael Matos, da AIM Cancer Center.

As dúvidas são, contudo, pertinentes. Mais vale jogar pelo seguro e cozinhar bem a carne ou não há problemas em deixar vir o bife “quase a mugir”? O especialista nota que não existe qualquer problema, desde que se tenha em atenção alguns pontos fundamentais. 

“É preciso perceber a qualidade da carne, se está relativamente fresca, sem nenhum risco microbiológico e de contaminações, podemos consumi-la sem estar completamente cozinhada. Quando vemos que tem um aspeto acinzentado, revelador da frescura já não ser a ideal, o melhor é não arriscar.”

Ingerir um pedaço da proteína animal infetada com bactérias pode dar origem a um “crescimento bacteriano” que propaga problemas no organismo “como diarreias e gastroenterites.” No site do Serviço Nacional de Saúde é descrito que este consumo pode causar patologias como infeção por salmonella, hepatite A e toxoplasmose. 

O fígado de bovino também é um alimento que, segundo o nutricionista, tem mais vantagens em ser consumido mal cozinhado, uma vez que possui um alto teor de vitamina C que se degrada quando a proteína é mais cozinhada. “Às vezes é preferível cozinhar antes do ponto do que deixar a carne ficar quase queimada. Quando chega a isso forma alguns compostos como a acrilamida e que é altamente cancerígena”, explica o profissional de 34 anos.

Quando for hora de escolher o tipo de carne que vai consumir, nem todas são boa opção. “Tipicamente, a de suíno devemos consumir mais cozinhada porque é mais suscetível a infeções. As de ovelha e cabra, por exemplo, são mais secas e precisam de ser confecionadas durante bastante tempo e com outras fontes de gordura para ficarem mais tenras, pelo que não costumam ser uma opção quando queremos comer algo mal passado.”

Relativamente às quantidades aconselhadas a ingerir semanalmente, o nutricionista esclarece que o melhor é fazer refeições equilibradas e repartidas entre peixes ricos em ómega 3, como sardinha, petinga e cavala. “Não costumo sugerir um limite máximo de consumo no que toca a carnes vermelhas porque vai depender sempre do caso de cada pessoa.”

A exceção é, naturalmente, a do bom senso. O consumo de carne mal passada deve ser evitada por quem tenha “alguma sensibilidade gastrointestinal a carnes”, bem como grávidas, doentes renais e crianças com idade inferir a dois anos.

Carregue na galeria para descobrir sete receitas vegetarianas para agradar aos amigos e familiares que não comem carne nem peixe. 

MAIS HISTÓRIAS DO OESTE

AGENDA