A Légua Surf School nasceu da paixão profunda pelo mar, da amizade de longa data entre dois amigos de Alcobaça e da vontade de criar uma iniciativa com impacto local e pessoal. Inaugurada oficialmente a 7 de março, a escola está localizada na Praia da Légua, no concelho de Alcobaça, e conta com um espaço físico junto ao Bar da Légua — um projeto complementar que também resultou da parceria entre Manuel Fróis, de 29 anos, e Filipe Meneses, de 30. Para Manuel, a escola representa a concretização de um sonho antigo: “Era uma ideia que eu já tinha, ter a minha própria escola. Quando surgiu a oportunidade não tive como recusar.”
Antes de unirem esforços, ambos deram aulas em escolas diferentes. A amizade de infância e os percursos semelhantes acabaram por convergir na criação de um espaço próprio, onde oferecem aulas ajustadas às condições do mar e ao nível de cada aluno. A escola inclui também modalidades como bodysurf, bodyboard e stand-up paddle.
Cada sessão tem a duração de uma hora e meia — com 15 minutos de aquecimento, 15 minutos de instrução e uma hora dentro de água. Existem pacotes de dez aulas por 350€, enquanto uma aula avulsa tem o custo de 40€. As praias onde lecionam variam entre a Légua, Paredes da Vitória e São Martinho do Porto, proporcionando aos alunos a experiência de diferentes cenários e condições marítimas.
A escola comunica preferencialmente através das páginas online, uma vez que os horários das aulas são flexíveis e definidos em função do estado do mar e do clima. Mais do que ensinar a surfar, o objetivo passa por criar uma cultura da modalidade mais enraizada e acessível na região, algo que ambos sentem ainda ser necessário. O Bar da Légua, que abriu no verão passado, antecedeu a criação da escola e funciona durante a época balnear. Já existe. contudo, um plano aprovado para a mudança de localização, o que permitirá manter o espaço aberto durante todo o ano.

Manuel começou a apanhar ondas por volta dos sete anos, inspirado pelo pai, um dos pioneiros do surf na Nazaré. Licenciado em Gestão de Transportes e Logística pela Escola Náutica Infante D. Henrique, viveu três anos em Lisboa antes de regressar à terra natal em 2019 com o desejo de mudar de vida. Ingressou como professor na Nazaré Surf School, o que lhe permitiu ter mais tempo para praticar, dedicando-se às ondas grandes e, mais tarde, ao uso de motas de água.
Como atleta, já participou em duas edições dos Gigantes da Nazaré, competindo lado a lado com os melhores do mundo. O momento mais marcante da sua carreira até agora foi surfar uma onda de 21,8 metros na primeira edição do evento. A vertente competitiva é paralela ao trabalho como professor e empresário e representa o seu desejo de desafiar os próprios limites, enquanto ajuda os outros a atingirem os seus objetivos com segurança e confiança.
Filipe, licenciado em Ciências do Desporto pela Universidade de Évora, partilha da mesma missão: através da escola, pretende educar e sensibilizar os jovens da região, proporcionando-lhes não só o acesso à prática do surf, mas também a oportunidade de desenvolverem uma relação saudável com o mar. No futuro, gostariam de formar grupos de jovens locais, com preços mais acessíveis, para que possam praticar a modalidade durante todo o ano. O desejo de levar esses jovens a conhecer outros lugares, viajar e expandir horizontes está também muito presente nos planos futuros da Légua Surf School.
Apesar da incerteza diária que a atividade implica — sem garantias de procura ou previsibilidade — os dois amigos mantêm-se confiantes no caminho que estão a trilhar. “Não saber o dia de amanhã, se vou ter um cliente ou não é o mais desafiante e é preciso saber lidar com isso”, conclui Manuel.
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