“Sem um oceano saudável, nós não existiremos.” É assim que começa o primeiro episódio da série documental “Respeito”. Em tom poético e ajoelhado no areal da Praia do Norte na Nazaré, como que a venerar um dos bens mais preciosos que o ser humano tem, Garrett McNamara chama a atenção de todos para a importância da água nas nossas vidas.
A Medialivre, em parceria com a Mercedes-Benz e com o apoio da revista “Sábado”, lançou no passado dia 28 de junho, sexta-feira, uma produção que sensibiliza para a preservação da água e do oceano, um recurso vital que sustenta a vida na terra. O documentário está disponível online, sendo que o último episódio é emitido esta sexta-feira, 19 de julho.
Esta série de quatro episódios explora a relação que temos com o oceano e a água, destacando o impacto deste recurso em diversas áreas da nossa vida e sociedade. Cada episódio aborda uma temática crucial: “Respeito pela Água e Por Todos”, “Biodiversidade”, “Novas Gerações” e “Cultura”.
“O nosso planeta é composto maioritariamente por água, assim como nós mesmos. Respeitar o oceano, respeitar a mãe natureza, é respeitarmo-nos a nós mesmos. É o nosso dever. E é uma decisão nossa respeitar o oceano.” Quem defende esta ideia na página da série documental é McNamara, que participou na rodagem desta série, em Lisboa e na Nazaré, assumindo-se como um defensor nato na proteção do meio marítimo.
O surfista das ondas gigantes afirma que cada um já sabe o que tem de fazer, falta pôr em prática: “Sabemos quais são as coisas certas a fazer. Conhecemos as escolhas certas. Temos de fazer escolhas conscientes. Partilhar essas escolhas conscientes com os nossos filhos e fazer boas escolhas para o oceano e para nós mesmos.”
Quem participa também neste projeto é João Lourenço, capitão do Porto da Nazaré. “O mar é um dos maiores ativos económicos que Portugal tem. A sua zona económica exclusiva tem uma dimensão de cerca de 17 vezes o território nacional”.
O capitão aproveitou para fazer um aviso. “É urgente protegê-lo, garantindo a sua sustentabilidade para as gerações futuras. A liberdade de navegação e o direito de acesso ao mar têm de ser garantidos.” No entanto, lado a lado com a proteção e sustentabilidade, uma balança, por vezes, difícil de equilibrar.”
Portugal é 97 por cento composto por mar e esta equação não é muito diferente se ajustarmos à realidade do planeta, onde não só mais de 70 por cento da superfície do planeta é coberta por água. Esta importância reflete-se também no ser humano, com uma percentagem de 58 por cento na sua composição.
Lino Bogalho, responsável da Mercedes-Benz Surfing Lounge, na Nazaré, fala do impacto das atividades humanas no oceano e pede ações mais imediatas e eficazes. “Tudo quanto seja para respeitar a natureza, que seja para respeitar o oceano e o ecossistema que nos envolve, na minha opinião, tudo quanto possa ser feito é lento e já é tardio porque estamos com atraso. Já destruímos muito.”
Quem se opõe a esta destruição é Catarina Gonçalves, coordenadora do programa Bandeira Azul. “Também quero usufruir do espaço e tenho esse direito, de usufruir de uma praia, de uma marina. Mas obviamente também tenho de respeitar o espaço em que estou e todos os outros à volta.”
Já nas Docas de Santo Amaro, em Lisboa, a conversa com Catarina Gonçalves aconteceu na Doca de Santo Amaro, zona rodeada de restaurantes e cafés e que tem Bandeira Azul, galardão que recebe consecutivamente desde 2015 e que foi, aliás, distinguida com o prémio “Marina Mais Azul 2023” no final do ano passado.
“Tenho de saber como me posicionar perante esta marina. Sei que esta marina tem recolha seletiva e que posso reciclar. Tenho conhecimento que a praia tem acessibilidades para pessoas com mobilidade condicionada ou portadoras de deficiência. Sei que posso ir àquela praia e que as espécies de ave marinha nidificam na duna. Eu sei que não posso pisar uma duna. É preciso não só conhecer os sítios onde estamos, mas também como fazer para não termos um impacto negativo nesse espaço”, explicou.
O programa Bandeira Azul, uma forma de preservar as zonas balneares
É um programa de implementação nacional promovido por Organizações Não Governamentais. As entidades que promovem e gerem espaços como praias, docas, embarcações e que têm interesse em obter o galardão da Bandeira Azul candidatam-se voluntariamente e declaram que cumprem todos os critérios necessários para lhes ser atribuída uma bandeira azul.
O programa Bandeira Azul vai verificar efetivamente se os critérios estão a ser cumpridos e atribuir ou não o galardão, que não é vitalício. Todos os anos, as entidades têm de apresentar candidatura e comprovar novamente que cumprem os critérios.
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