cultura

Pianistas de todo o mundo voltam a encantar Óbidos

A Semana Internacional de Piano de Óbidos conta com artistas de várias nacionalidades. Este ano estreia um espetáculo de dança.
SIPO estreou-se em 1996.

A Semana Internacional de Piano de Óbidos estreia-se este sábado, 20 de julho. O seu primeiro espetáculo de dança chega este domingo, 21 de julho. O evento incluiu a 29.ª edição das “masterclasses” e 11 concertos com artistas como Artur Pizarro, Manuela Gouveia, Paulo Pacheco e Nuno Inácio, Andrea Bonatta, Josep Colom e Boris Berman.

A New in Oeste falou com Manuela Gouveia, diretora artística da SIPO e presidente da ACIM, que retrata o sucesso do evento: “Estou contente e grata por se realizar mais um evento que há 29 anos liga a formação musical em residência à performance, reunindo jovens pianistas de todo o mundo.”

Manuela Gouveia nasceu no Porto e, desde muito cedo, demonstrou grande talento para a música. Aos cinco anos, deu o seu primeiro recital de piano e começou a estudar com Helena de Sá e Costa.

A artista já recebeu vários prémios e distinções em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente no Concurso Internacional de Palma de Maiorca, Concurso Luso-Brasileiro (Portugal) e os prémios “Guilhermina Suggia” (Lisboa) e “Orquestra Sinfónica do Porto”. Em 1993, foi agraciada com a Medalha de Mérito da República Portuguesa pela sua representação de Portugal no estrangeiro.

Lecionou no Conservatório de Música e na Escola Superior de Música do Porto e no Conservatório de Música de Bonn (Alemanha). Até 2011, foi professora na Escola Superior de Música da Catalunha, em Barcelona (Espanha), cidade onde continua a dar masterclasses regularmente.

A diretora afirma que a Semana Internacional de Piano de Óbidos, que contou com a primeira edição em agosto de 1996, “é uma iniciativa única em Portugal, destacando-se pela sua estrutura pedagógica. Durante dez dias, pianistas de renome internacional ensinam e orientam até 40 estudantes, que têm a oportunidade de participar em sessões práticas com vários professores, maximizando o aproveitamento pedagógico”.

Os cursos são abertos a estudantes e músicos de todo o mundo, em estudos superiores, final de curso ou início de carreira. Desde 2011, a ACIM e a RDP/Antena 2 atribuem o “Prémio Antena 2 – ACIM”, no valor de 2000€ e três recitais no ano seguinte com o objetivo de estimular e promover o início das suas carreiras profissionais.

A Associação de Cursos Internacionais de Música (ACIM), fundada em 1996 e sediada em Óbidos, tem como objetivo criar um núcleo de atividades artístico-culturais de renome internacional em Portugal, com ênfase na qualidade e continuidade das iniciativas, destacando a formação de jovens músicos. O evento de Óbidos contou com a participação de mais de alunos de 50 países desde a criação da SIPO, “o que demonstra o interesse cultural e a reputação internacional do evento.”

Esta representação de tantas nacionalidades é também, de acordo com Manuela Gouveia, um dos pontos fortes do festival. “A variedade de espetáculos que englobam apresentações com orquestras, coros, conjuntos de música de câmara e de jazz, solistas de vários instrumentos, incluindo este ano, pela primeira vez, um espetáculo de dança, acompanhado ao vivo por um pianista”.

Esta novidade vai encerrar o festival no dia 21 de julho, no CCC Caldas da Rainha, onde haverá um espetáculo de dança e piano: “Lucía’s Ballet Suite”, “Confluencias” e “El Otoño Porteño”, com coreografias de Sylvain Guillot e Lucía Colom e música de F. Chopin, J.S. Bach, A. Piazzolla, M. de Falla e J. Colom. O espetáculo contará com Josep Colom ao piano e os bailarinos Sylvain Guillot e Lucía Colom.

Os restantes concertos aconteceram em Óbidos e Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, passando por locais como o Museu Leopoldo de Almeida, o Auditório Municipal de Óbidos e o CCC Caldas da Rainha. Tal como nos anos anteriores, o festival passou ainda por Lisboa.

Estes eventos itinerantes enriquecem culturalmente a região, como defende Manuela Gouveia. “O Festival traz uma série de concertos de música erudita a uma região cuja oferta cultural é dominada por eventos de carácter popular e de massa. Mas a cultura tem mais facetas e estas passam largamente despercebidas, ou seja, a população tem cada vez menos a noção e perceção de alternativas culturais que não estão focadas no consumo de bens e produtos, mas no desfrute de apresentações que exigem a atenção e concentração total do ouvinte.”

Esta oferta cultural abrangente reflete-se na comunidade. Contudo, tudo tem um preço. “A frequência dos concertos com entrada livre tem aumentado substancialmente, embora os concertos com bilheteira — mesmo com preços muito acessíveis pela qualidade oferecida — continuam a ter falta de público”. Os bilhetes para a sessão deste domingo custam 12€ e podem ser comprados no site do evento.

E a qualidade também tem de ser paga. “Ora bem, a arte não pode ser gratuita. Para um artista chegar a um nível profissional que lhe permite ganhar a sua vida, terá passado por um investimento considerável na sua formação”.

Para a diretora do evento, esta questão não é mais do que “respeito e valorização ao remunerar o trabalho apresentado”, acrescentando: “A cultura é um fator económico importante. Não gera apenas riqueza económica, mas também contribui para a o desenvolvimento cultural e intelectual do ser humano, imprescindível para uma sociedade sã e equilibrada.”

Carregue na galeria para conhecer alguns pianistas da SIPO.

MAIS HISTÓRIAS DO OESTE

AGENDA