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Peniche reforça ligação à liberdade com exposição gratuita sobre ditadura na arte

A “Censura na BD” estará aberta ao público de 5 a 13 de outubro na sede do clube recreativo da cidade.
Saída dos presos políticos em Peniche a 26 de abril de 1974.

O percurso da liberdade confunde-se com a história de Peniche. Local de uma das mais importantes prisões durante o Estado Novo e palco da maior fuga de presos políticos no nosso País, a cidade piscatória é constantemente recordada como um símbolo de liberdade nestes 50 anos após o 25 de abril de 1974.

“A Censura na BD” é mais uma exposição que espelha essa realidade, num trabalho conjunto entre a Câmara Municipal de Peniche, o Clube Recreativo Penichense e a Onda — Comunicação e Cultura. A abertura está marcada para o feriado da Implantação da República, 5 de outubro, pelas 15 horas, seguida de uma palestra denominada “Estado Novo aos Quadradinhos”, pelo professor António Martinó Coutinho, presidente da Assembleia-Geral do Clube Português de Banda Desenhada, clube que, em conjunto com a autarquia de Moura e o Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu (GICAV), é responsável pela produção desta mostra.

Baseada numa série de artigos que o investigador Carlos Gonçalves publicou há alguns anos na rubrica “Correio da BD”, esta exposição revisita um tempo em que as “Histórias aos Quadradinhos” eram alvo da tesoura e do lápis azul da censura, alterando imagens, textos e até os nomes de alguns personagens, como é o caso de Battler Britton, o famoso aviador inglês batizado, até hoje, como Major Alvega. A mostra é composta por 18 painéis, que ficarão patentes no Clube Recreativo Penichense até 13 de outubro.

Museu Nacional da Resistência e Liberdade

Recorde-se que no dia 27 de abril deste ano, abriu o Museu Nacional da Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche. “Infelizmente temos poucos monumentos que mostram que a ditadura existiu, mas aqui, sem dúvida, se percebeu que havia um símbolo único do que foi Portugal durante 48 anos”, revelou Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia da inauguração.

Marcelo Rebelo de Sousa na inauguração do museu.

O Museu Nacional Resistência e Liberdade nasceu do reconhecimento deste local enquanto espaço-memória e símbolo da luta pela liberdade à escala nacional. O projeto tem como missão investigar, preservar e comunicar a memória nacional relativa à resistência ao regime fascista português, a partir das memórias e experiências dos que lutaram pela liberdade e pela democracia.

O equipamento representou um investimento de 4,3 milhões de euros, comparticipados por fundos comunitários, e as obras obrigaram ao encerramento da Fortaleza em fevereiro de 2022. Em abril de 2017, o Governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar o museu na antiga prisão da ditadura do Estado Novo, destinada a presos políticos.

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