O nome pode induzir em erro, e levar muitos a pensar que se trata de uma banda de tributo aos Lamb, duo de Manchester criado em 1996 por Lou Rhodes (vocalista) e Andy Barlow (produção eletrónica). Os britânicos tornaram-se conhecidos por explorarem géneros como o drum’n’bass, o trip-hop, o breakbeat e o downtempo, e, sobretudo, pela combinação única da voz emotiva e delicada de Rhodes com ritmos complexos e atmosferas inovadoras.
Do álbum de estreia homónimo, lançado em 1996, saíram singles memoráveis como “Górecki”, que se destacou por incluir de um sample do segundo movimento da Terceira Sinfonia de Henryk Górecki; e “Gabriel”, um dos maiores sucessos do grupo, que lhe valeu reconhecimento internacional e que se tornou um verdadeiro fenómeno em Portugal. Este sucesso, porém, não tem qualquer relação com os LAMB do Bombarral.
Embora sejam igualmente um duo e partilhem o nome com os britânicos, as semelhanças entre os dois projetos musicais terminam por aqui. A dupla portuguesa é composta pelos amigos Luís Martins e André Branco, que, entre o trabalho na serralharia e as horas roubadas ao descanso, decidiram dar um novo som às noites do Oeste, — que nada tem a ver com a eletrónica do duo de Manchester.
Os LAMB começaram a tocar juntos há cerca de um ano e o nome surgiu da junção das iniciais de ambos. Luís tem 28 anos, é vocalista e guitarrista. André, com 31, é baterista e faz back vocals. Trabalham os dois em serralharia e soldadura, mas é na música que encontram o escape ideal. “Fazemos isto por gosto. É um hobby que vem da adolescência e que agora conseguimos partilhar em palco”, revela André, em conversa com a NiO.
A ideia surgiu de forma espontânea. Os dois já se conheciam de vista e tinham amigos em comum, até que um dia decidiram juntar-se para tocar. “Foi tudo muito orgânico. Começámos a tocar juntos e a coisa fluiu bem desde o início”, recordam. O primeiro concerto aconteceu há cerca de um ano, em São Mamede, e, desde então, não mais pararam.
André já tinha feito parte de várias bandas da zona das Caldas da Rainha, em alguns grupos de baile e outros de rock, — o seu género favorito. Para Luís, este é o seu primeiro projeto, embora tenha o hobby da música há muitos anos.
O estilo é difícil de definir, mas o rock é a base. Ainda assim, a dupla gosta de misturar géneros: “Tocamos um bocadinho de tudo — rock, prog rock, folk, country, blues, até algum reggae. Desde temas antigos, muitos dos anos 70 e 80, até alguns mais recentes”, explicam. O reportório é composto por covers, e uma boa parte do prazer de tocar ao vivo vem dos pedidos do público. “Gostamos de improvisar e de tocar músicas que nos pedem, como se fosse um concerto ‘à la carte’”, diz Luís.
Em virtude dos empregos de cada um, nem sempre conseguem ter o tempo que gostavam para ensaiar, admitem, mas a química entre os dois compensa. “Provavelmente, fazemos mais concertos do que ensaios. Mas as coisas saem com naturalidade. Conseguimos entender-nos bem e o resultado acaba por funcionar”, acrescenta André.
As influências musicais são diversas, contudo, têm um gosto comum. “Gostamos dos clássicos, mas, acima de tudo, o que nos uniu foi o gosto por boa música. Tentamos contrariar a realidade atual dos bares, que apostam mais em eletrónica. Tentamos ‘surfar outra onda’ e cativar outro público”, dizem. Luís pende mais para as sonoridades acústicas, “de cantiga antiga”, como descreve. “Gosto muito de Simon & Garfunkel, Neil Young, Johnny Cash. O Luís tem um background mais rock, mais pesado. Acabamos por nos complementar.”
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Neste primeiro ano, os LAMB têm tocado principalmente no Bombarral e alguns bares nas proximidades, com destaque para o Tables, no Carvalhal, onde já atuaram várias vezes. No passado dia 4 de outubro, participaram também num festival de rock na mesma localidade.
Sobre o panorama musical no Oeste, André confessa que número de sítios para tocar diminuiu, e que ainda se sentem as consequências da pandemia: “Há menos espaços que havia há uns anos. Antigamente, em qualquer localidade da região, tinhas bares com noites regulares de música ao vivo e conseguias fazer uma agenda facilmente. A pandemia de Covid-19 teve um impacto brutal, muitos bares fecharam e diminuíram as oportunidades para tocar.”
Mesmo assim, acreditam que há público para a música ao vivo. “Nos nossos concertos, as casas têm estado sempre cheias. Significa que as pessoas querem ver música e há vontade. Portanto, a música ao vivo também deveria ser um atrativo para os donos dos bares, que não tenho dúvidas de que conseguem facilmente rentabilizar a noite”, defende Luís.
No futuro, gostavam de expandir o projeto e acrescentar músicos. “Seria bom ter mais elementos, é claramente um objetivo”, reconhece Luís. Quanto a originais, é uma ideia em aberto. “Já falámos nisso várias vezes e gostávamos muito, mas terá de ser de forma natural e orgânica, como tudo o que fazemos. Ainda não aconteceu, estamos muito no início, mas pode acontecer”, remata André.
Para acompanhar as próximas atuações dos LAMB, siga a página da banda no Instagram.

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