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Locais e artistas unem-se para documentar o dia a dia na Lourinhã

As quatro residências que promovem a interação entre os artistas convidados e a comunidade acontecem entre janeiro e fevereiro.
Ticiano Rottenstein é um dos artistas convidados.

Em janeiro e fevereiro, o município da Lourinhã vai transformar-se num palco criativo ao receber quatro residências artísticas em três localidades: Lourinhã, Moledo e Miragaia. Os projetos convidam os artistas e a comunidade a explorarem o dia a dia, as memórias coletivas e expressões artísticas contemporâneas. O resultado será uma série de apresentações pensadas para cativar, envolver e entreter o público local.

Entre os dias 20 e 26 de janeiro, segunda-feira a domingo, a vila da Lourinhã e outras áreas do concelho serão retratadas pelo olhar atento do artista Paulo J. Mendes, especialista em “urban sketching”. Esta prática artística consiste em desenhar cenas do quotidiano, capturando de forma espontânea e autêntica os ambientes urbanos, as pessoas e os pequenos detalhes que compõem o cenário. O projeto tem como objetivo destacar precisamente esses detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos aos moradores locais, oferecendo-lhes uma nova perspetiva sobre os espaços que habitam.

Natural do Porto, Paulo J. Mendes é um desenhador autodidata que redescobriu a paixão pelas artes através do desenho urbano, após anos afastado do mundo da ilustração. Autor de obras como “O Penteador” (2020) e “O Atendimento Geral” (2024), o artista combina memória e arte num olhar sensível e único.

É já este sábado, 25 de janeiro, que a Galeria Municipal da Lourinhã vai acolher duas atividades no âmbito da primeira residência, conduzidas pelo artista: uma oficina de desenho urbano às 10h30, onde os participantes poderão aprender técnicas para captar “cenas urbanas”, e uma conversa, às 15 horas, sobre o processo criativo e a semana de experiência de documentar a Lourinhã.

Em fevereiro, a aldeia de Moledo torna-se palco do projeto “Uma Casa para Inês”, liderado pelo artista franco-brasileiro Ticiano Rottenstein, radicado no Seixal. Doutorando em Escultura pela Universidade de Lisboa, Ticiano utiliza a arte para explorar temas como memória, identidade e a passagem do tempo.

Esta residência artística promove um diálogo entre o passado e o presente de Moledo, reinterpretando histórias locais numa obra criada em conjunto com a comunidade. O ponto alto do projeto será a criação de uma “casa-poema”, construída com materiais reutilizados e objetos doados pelos habitantes, como móveis antigos e outros elementos cheios de significado.

Instalada num espaço público, a estrutura vai estar aberta ao público, convidando os espectadores a mergulharem nas memórias e histórias que fazem parte da identidade da aldeia. Mais do que uma exposição, “Uma Casa para Inês” é um convite ao encontro e à celebração das narrativas coletivas que tornam Moledo única.

Em fevereiro, a freguesia de Miragaia recebe uma oficina especial conduzida por André Neves, conhecido como MAZE, uma figura de destaque na cultura hip-hop. Inspirado no livro ilustrado “Recomeçar” (2024), de Oliver Jeffers, publicado em Portugal pela Orfeu Negro, o projeto inclui uma oficina com as mulheres seniores do Clube Idade + de Ribeira de Palheiros, que tem como objetivo uma apresentação interativa para os miúdos da Escola Básica de Miragaia, com data a definir.

Com uma carreira que atravessa as artes visuais, design gráfico e música, MAZE convida as participantes a refletirem sobre o passado, o presente e o futuro, explorando o conceito de recomeço através de narrativas, arte e expressão pessoal. Esta experiência única combina performance, música e artes visuais, criando um espaço de conexão entre diferentes gerações, onde o diálogo criativo e a partilha de memórias prometem ser os grandes protagonistas.

Para encerrar este ciclo de residências artísticas, o coletivo SOMBRONAUTAS e o Teatro Inefável juntam-se ao músico multi-instrumentista da Lourinhã, Simão Cardoso, para criar um universo mágico através do teatro de sombras, objetos e composição musical. Desde 2014, que os SOMBRONAUTAS exploram diversas formas artísticas, como fotografia, design e teatro, com um foco no impacto social e comunitário. Nesta residência, a criatividade coletiva será o ponto de partida, promovendo a magia do improviso e a transformação de objetos comuns em experiências únicas e inesquecíveis.

O projeto será apresentado na Biblioteca Municipal da Lourinhã, com sessões para famílias (sábado, dia 22, às 10h30), jardins de infância e alunos do 1.º ciclo (de 24 a 28 de janeiro, de segunda a sexta-feira, às 10h30 e às 14 horas). Cada sessão é limitada a 40 participantes e pode garantir o seu lugar através do número 261 410 133 ou pelo email biblioteca@nullcm-lourinha.pt.

Com entrada livre em todas as atividades, as residências artísticas na Lourinhã oferecem uma oportunidade única à comunidade de presenciar e também de experimentar, em alguns casos, diferentes expressões artísticas, enquanto se celebram as memórias e narrativas que tornam o concelho tão especial.

O que também faz parte da memória coletiva são os doces tradicionais da terra. Carregue na galeria para conhecer as criações idealizadas pela chef Sílvia Baptista, que já fazem parte do património gastronómico do Oeste.

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