A perda da mãe fez com que Ana Mamede se refugiasse naquilo que mais gostava de fazer: escrever. Encontrou no papel e na caneta o escape catalisador para expressar o que um filho sente pela perda de alguém tão especial. Desde pequena, que sonhava escrever e as longas horas a ler antes de dormir aguçavam ainda mais o apetite pela área.
Formada no ramo da Biomedicina, passou grande parte da vida adulta a redigir teses e artigos científicos para cumprir os prazos educativos e profissionais. Porém, o seu maior compromisso era consigo própria, e esse, não estava a ser concretizado. O desejo e a paixão pela escrita refletiam-se na forma obscura dos seus trabalhos académicos ou científicos, mas isso não era suficiente e decidiu mudar de rumo: uma vida dedicada à escrita.
Por isso, lançou recentemente um projeto dedicado à escrita — à sua e à dos outros. Natural de Peniche, com 37 anos, assumiu à New in Oeste ser “uma ávida leitora e escritora e curiosa desde sempre”. Abandonou a biomedicina e começou os seus projetos independentes, primeiro numa empresa de merchandising e, agora, com um projeto de escrita que ajuda outros apaixonados a seguirem o seu coração e o gosto pela criatividade.
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Julgando ser esse o caminho para a felicidade na altura, Ana tem licenciatura, mestrado e doutoramento em Ciências Biomédicas e a vida fê-la trabalhar vários anos em investigação na área da oncologia, bem como em comunicação de ciência.
“Durante muito tempo, julgava ser feliz. No entanto, ao longo dos anos, tinha deixado de escrever. Limitava-me a redigir textos sem alma, puramente técnicos e científicos. Artigos, relatórios e projetos. Calei parte de mim graças ao excesso de trabalho e às impiedosas rotinas. Pouco a pouco, fiquei sem norte. E sem certezas. Cada vez mais consciente da mudança que se impunha. Por isso, em 2015, decidi deixar a bancada do laboratório e começar de novo. Saí de Coimbra, voltei para Peniche e, devagarinho, procurei reencontrar-me.”
Dois anos depois, fundou a Sardinha Pequenina, inicialmente dedicada à produção de merchandising turístico. Porém, dois anos mais tarde, devido à doença e consequente perda da mãe, Ana e a marca sofreram uma inesperada transformação.
“Voltei a escrever. Fiz da escrita terapia. E transformei o papel e a caneta nos meus conselheiros. Durante o período de luto, foi na escrita que encontrei refúgio. Percebi, finalmente, que a escrita fazia bater aceleradamente o meu coração. E que não podia seguir caminho sem escrever. Foi assim que, em 2020, a Sardinha Pequenina ganhou a forma que hoje tem e eu decidi dedicar-me a este projeto, imprimindo as minhas palavras em vários produtos que comercializo (canecas, blocos de notas e outros)”.
Ajudar os outros a escrever, de forma criativa
O amor pela escrita leva muitos de nós a fazer escolhas sobre o nosso percurso de vida ou no contexto académico. Por vezes, os cursos de história, comunicação e línguas são os mais lógicos para quem quer implementar as suas ideias, pensamentos e conhecimentos técnicos em papel. Mas nem todos escolhem o percurso mais óbvio e há quem troque a ciência pela escrita, como é o caso de Ana, que criou o projeto Ana Catarina Mamede – Formadora e Mediadora de Escrita.
Pelo caminho, procurou aprender mais sobre escrita, storytelling e comunicação. “Hoje, também trabalho como formadora e mediadora de escrita e o meu objetivo é incutir o gosto pela escrita em públicos de todas as idades e em profissionais de várias áreas. Além disso, gosto de fazer cócegas nas ideias de todos aqueles com quem me cruzo, estimulando a sua criatividade.”
Para implementar a criatividade e novas ideias, a mediadora de escrita criou três ângulos diferentes para adaptar as suas ideias às necessidades dos escritores. Dedica as Experiências aos curiosos de todas as idades. É definido o tema, a data, o ponto de encontro e o destino.
Durante o evento, os participantes são convidados a realizar vários exercícios de escrita e a descobrir o poder da criatividade enquanto exploram uma rua, uma praia, um museu ou outro local. O objetivo, revela, “é encontrar fontes de inspiração para a escrita através de uma perspetiva criativa, através da qual se ouvem e se contam histórias”.
Nas Formações, as oficinas e os cursos são criados e implementados de acordo com as necessidades de cada cliente. Pretende-se, “através de diferentes ações de formação, sensibilizar os participantes para novas formas de expressão através da escrita, da partilha de experiências e da realização de diversas atividades práticas”, revelou.
Quando a meta é mediar a escrita, “cria as condições para que um futuro escritor e a escrita se encontrem. A mediação da escrita e as atividades relacionadas podem acontecer em vários espaços, para diferentes faixas etárias e seguindo diferentes abordagens”.
Por isso, é fácil encontrar o projeto da Ana numa oficina de escrita criativa para miúdos, num curso de criatividade para investigadores, num evento dedicado à escrita terapêutica para profissionais de saúde ou pela rua, com um grupo de pessoas curiosas, a escrever sobre janelas, flores e gatos vadios.
Para quem quer seguir as pisadas de Ana Mamede ou apenas matar o vício da escrita, a New in Oeste deixa-lhe o programa dos próximos eventos deste projeto.
19 de outubro
Oficinas: “Oficina de Escrita Criativa”, 14h30 – 16h30, Peniche.
26 de outubro
Experiência: “Escrever o Amor”, 14h30 – 17 horas, Serra D’el Rei, Peniche.
16 de novembro
Experiência: “Escrever o Mar”, 9 horas – 11h30, Peniche.
14 de dezembro
Experiência: “Escrever o Natal”, 16h30 – 19 horas, Peniche.
Carregue na galeria e conheça melhor as atividades e este projeto de escrita criativa.

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