Nas Matas, uma pequena localidade no concelho da Lourinhã, o aroma intenso da lavanda preenche o ar. É ali que Ági Eros e Nuno Sena cultivam centenas de pés desta planta aromática, que secam e transformam manualmente em artigos decorativos e perfumados com um toque artístico. O projeto Vai Com Calma, nasceu este ano e tem marcado presença em muitas feiras e mercados do País, e também online.
A escolha do nome está intimamente ligada à essência da lavanda e à mensagem que o casal pretende transmitir. “Vai com calma” é uma expressão popular que evoca serenidade — exatamente o que esta planta representa, através das suas propriedades calmantes. O casal, que divide o tempo entre as suas profissões e este empreendimento artesanal, criou uma linha de produtos que alia tradição, sustentabilidade e bem-estar.
Ági, de 45 anos, é húngara e trabalha como tradutora de filmes e séries para televisões do seu país. Vive em Portugal há oito anos, mas a ligação à natureza é muito anterior. Há cerca de uma década frequentou um curso de jardinagem de plantas aromáticas e medicinais, que seria fundamental quando, já na Lourinhã, comprou um terreno com o marido.
Quanto a Nuno, de 53 anos, trabalha na área da construção de estruturas para aviões, mas sempre gostou do contacto com a terra. A ideia de plantar lavanda surgiu naturalmente, unindo os conhecimentos de Ági à vontade de dar nova vida ao terreno.

Em conversa com a NiO, Ági revelou como o destino a trouxe de Budapeste, na capital até à Lourinhã: “Como trabalho como freelancer, sempre tive esta liberdade para viajar e antes de vir para Portugal, vivi em França e na Itália. Gostei muito de viver em ambos, mas são países muito caros. Então, decidi experimentar Portugal, embora nunca cá tivesse estado. Sobretudo, queria um sítio onde pudesse viver próxima da natureza e do mar, num ambiente calmo, com um custo de vida mais acessível”.
Como não queria viver em Lisboa nem numa cidade grande, acabou por se interessar pelo Oeste, onde encontrou uma casa na Areia Branca, para onde se mudou em 2018. Decorrido um ano, conheceu Nuno na praia e estão juntos desde então.
Em 2023, acabaram por comprar um terreno juntos, com a intenção de construírem uma casa. Como este tinha também uma parcela agrícola, decidiram plantar lavanda, pois sabiam que era uma planta que poderiam usar para vários fins, aproveitando os conhecimentos de Ági.
“A ideia partiu da Ági. Plantámos 400 pés e optámos pela espécie lavandula augustifolia, conhecida pela sua qualidade superior, de onde se conseguem retirar os melhores óleos essenciais. Além disso, é comestível”, explica Nuno.

Após colherem o que semearam, este ano começaram a secar e a transformar a matéria-prima em artigos feitos à mão, como saquinhos aromáticos para armários e gavetas, as misturas de chás e as máscaras para os olhos.
Entre os produtos mais vendidos contam-se também os sabonetes artesanais (custam 8€ os de tamanho grande e 6€ os pequenos), velas perfumadas (4,50€ as pequenas e 6€ as maiores) e os sacos térmicos de aromaterapia com lavanda e linhaça (25€). Estes sacos tanto podem ser aplicados a quente – aquecidos no microondas – como a frio na zona do corpo que se pretenda tratar.
Produzem ainda coroas decorativas com flores secas – neste caso, não apenas de lavanda – e pequenos bonecos recheados com lavanda, ideais para perfumar ambientes ou oferecer como lembrança especial.
As vendas são feitas online, através das redes sociais (Instagram e Facebook), e também em feiras e eventos. Lisboa tem sido um dos principais destinos, com destaque para a Feira da Ladra, muito procurada por turistas. Ainda assim, Ági e Nuno querem reforçar a sua presença no Oeste. Para eles, o reconhecimento da comunidade local é tão importante quanto o sucesso nas grandes cidades. “Queremos que quando as pessoas pensem em lavanda se lembrem de nós”, afirma.
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A 18 de outubro, terão uma banca no LX Factory, em Lisboa, e, a partir de novembro, marcarão presença em vários mercados de Natal. Estes eventos são também uma forma de contacto direto com os clientes, onde partilham histórias e o modo de produção artesanal.
Embora já tenha vivido noutros países e tenha crescido num ambiente totalmente diferente, Ági adora viver no Oeste, onde quer deixar a sua marca com este com o Vai Com Calma. “O que mais gosto na região é que a natureza tem um ar bastante selvagem. O mar, às vezes revolto, cria um cenário que adoro, embora também possa ser um pouco assustador”, remata.
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