O Maratona faz parte da história das Caldas da Rainha. O café abriu em 1966 e, desde então, tornou-se num dos principais pontos de encontro para quem vive ou passa pela cidade. Em 2009, José Elói assumiu o negócio de família e o espaço ganhou, literalmente, uma nova dimensão: ao café juntou-se o restaurante.
Ao longo destes 15 anos, foi evoluindo, conquistando clientes e é hoje um espaço totalmente enraizado na cidade. O foco numa cozinha contemporânea, empratamentos elaborados e a aposta em entradas para partilhar e opções vegetarianas, trouxe um conceito inovador à zona. O Maratona orgulha-se de ter vindo redefinir a experiência de jantar fora nas Caldas da Rainha, com uma oferta que, até então, não existia.
Até à chegada do Maratona, o cenário da restauração nas Caldas da Rainha era dominado por restaurantes tradicionais, e alguns mais formais virados para uma clientela exclusiva. Havia um espaço intermédio por preencher, e foi lá que o restaurante se posicionou, com uma cozinha “cosmopolita, mas acessível”. À NiO, o proprietário afirma: “Quisemos mostrar às pessoas que havia mais para além do que conheciam, e que comer bem não tem que estar reservado apenas para ocasiões especiais”.
Foi assim que, há 15 anos, a comunidade das Caldas conheceu pratos mais contemporâneos, como os risotos e os hambúrgueres artesanais, tudo com uma apresentação cuidada, porque “os olhos também comem”, refere o responsável. Somaram-se as entradas, pensadas para incentivar os momentos de partilha, algo mais associado a tascas, na época.
No restaurante, nenhum detalhe foi deixado ao acaso. Da decoração ao som ambiente e à iluminação, foi tudo pensado para que cada refeição vá além do ato de comer e seja, por si só, uma experiência. “Envolvemos todos estes elementos, com o único fim de tornar a refeição no momento mais alto do dia ou da semana de alguém”, explica José.
Uma das características mais marcantes do Maratona é a sua atitude irreverente no que toca às propostas gastronómicas. Apostas seguras, como o afamado caril de camarão, saíram do menu por não estarem “tecnicamente à altura”. Outros pratos, como o “Sr. Viera da Costa”, um risoto de marisco com vieira que já conheceu três versões, são constantemente reinventados. Atualmente, pode provar o “Sr. Vieira da Costa & herdeiros” (21€).
O Maratona tem a particularidade de dar nomes inusitados aos pratos, garantindo ter sido pioneiro, na zona. O menu, em constante mutação, está recheado destas “brincadeiras”. “Suspiria” (7€), uma pavlova sangrenta de frutos vermelhos, é um aceno ao mestre do terror italiano Dario Argento. “What the duck” (19€) batiza o magret de pato e a “carne de polvo à alentejana” (12€), não leva carne, nem amêijoas, mas coentros não faltam.
Para conseguir fazer a gestão entre o que vende e a vontade de educar paladares, é preciso estar atento às tendências, “observar as casas que estão em alta, e as que estão a trabalhar bem, e tentar ir de encontro ao mercado”, confessa o proprietário.
Depois da era da técnica, estamos numa fase de regresso às origens, com foco no sabor e na matéria-prima de qualidade. Hoje as pessoas exigem “pratos simples e mais consensuais, onde o sabor é rei”, sublinha José. Para decidir se um prato encaixa no Maratona, o responsável segue um princípio simples “Gosto de olhar para cada prato da carta sobre a perspetiva: ‘Voltaria cá para comer este prato?'”. Em caso de resposta afirmativa, está tomada a decisão.
E, se hoje o público está mais aberto à novidade e tem outra relação com a comida, o mesmo não se podia dizer em 2009. “As pessoas têm a ideia de que o Maratona teve sempre muito sucesso, mas não é verdade”, confessa. Enquanto o café e os almoços ligeiros sempre correram bem, para os jantares foi preciso “partir pedra” e abanar as mentalidades.
O que também contribuiu para agitar o panorama e a dinâmica social das Caldas foi a esplanada. Com sombra nos dias de calor e resguardada da chuva, é um lugar de convívio onde todos, incluindo os patudos, são bem-vindos.
Os dissabores e o desgaste natural de quem já anda nisto há mais de 15 anos também fazem parte. Alguma teimosia com muita vocação à mistura é a receita para se resistir neste meio que tem tanto de “violento e sugador” como de estimulante. “Comer e beber, como muitos dizem, é o melhor vida, e há algo de muito especial em “poder proporcionar essa experiência e prazer através da comida”, garante José.
Em 15 anos cabem muitas pessoas e muitas histórias. E se nem tudo corre sempre de feição, há desafios que acabam por se revelar oportunidades, como o catering que foi desenrascado em 40 minutos (o tempo que normalmente demora só a montar), porque houve uma confusão com as datas. O resultado foi tão tranquilo, que quando a cliente se casou, passou a pasta da comida e bebida ao Maratona.
Para que o Maratona possa continuar a reinventar-se, há que ter e saber manter uma boa equipa. Aliás, de acordo com José Elói, não há maior reconhecimento do que a relação que mantém com aqueles que o ajudaram a fazer a casa.
Esta sexta-feira há festa
A celebrar 15 anos, o restaurante decidiu fazer uma festa nesta sexta-feira, 6 de dezembro. No entanto, não é o único que está de parabéns. José Elói completa 51 anos e, como a coincidência da capicua das idades era demasiado boa para ignorar, juntam-se as comemorações.
Oficialmente, o Maratona partilha a data de fundação com o Dia da Cidade, a 15 de maio. No entanto, a efeméride tornou-se flexível e ajusta-se ao calendário para garantir que o espaço é celebrado como merece. A celebração deste aniversário redondo, promete ser memorável.
O evento começa às 19h30. Será servida comida, vinhos e cerveja artesanal. Não vai falar música para animar a festa e, aos visitantes, pede-se que levem boa disposição para o número 15 da Praça 25 de Abril.
Seja pela esplanada acolhedora ou pelas experiências gastronómicas irreverentes, os clientes fiéis não querem deixar de marcar presença nesta comemoração especial. E, desta forma, o Maratona continua a marcar o seu lugar como uma referência nas Caldas da Rainha.
Carregue na galeria para conhecer ou revisitar este que é um dos espaços mais emblemáticos das Caldas da Rainha.