Já deixou de ser uma moda que se instalou em massa depois da pandemia de 2020. Após os confinamentos foram inúmeras as padarias artesanais que abriram pelo País inteiro, muitas pessoas começaram a fazer pão em casa e viram os seus postos de trabalhos extintos, ou resolveram mudar de vida quando o mundo voltou ao normal.
Pelo Oeste, a tendência foi acompanhando as grandes cidades em Portugal e no resto da Europa, porque há várias vantagens de consumir pão de fermentação lenta e de massa mãe. “Os benefícios são obter pão mais saboroso e nutritivo, menor índice glicémico e o glúten fica muito mais degradado, sendo muito melhor para todos aqueles que sofrem algum desconforto quando consomem pães com fermentação rápida.”
Quem o diz é Miguel Mexia, que se instalou nas Caldas da Rainha e abandonou uma carreira na informática e em eventos para se dedicar a tempo inteiro ao pão. Miguel cresceu no Alentejo, na zona de Pavia, concelho de Mora, Évora, ainda que seja natural de Setúbal de onde saiu com três anos. “Em miúdo, de vez em quando, fazíamos fornadas de pão caseiro em forno de lenha. Na altura ajudava a amassar apenas como uma brincadeira”, conta Mexia à New in Oeste.
Em 2011 foi para Lisboa onde estudou Tecnologias de Informação e Comunicação na Faculdade de Ciências de Lisboa. “Na altura, comecei a conciliar a faculdade com trabalho em eventos, para juntar algum dinheiro, fazia trabalhos de distribuição de sampling, check-in e apoio em conferências e ativações de marca em festivais”, revela o empreendedor de 31 anos.
Depois de acabar o curso, Miguel não queria ir para um escritório trabalhar o tempo todo no computador, acabou por continuar na área dos eventos, onde há sempre bastantes atividades a acontecer todos os dias, o que lhe permitia trabalhar de uma forma regular. Após dez anos nessa área, como parou por completo durante a pandemia, começou a dedicar-se a fazer pão. “Apesar de gostar muito da área de eventos, sentia que não tinha grande futuro para mim, pelo que decidi apostar tudo neste projeto e mudar completamente de vida.”
Lisboa não era uma opção devido aos elevados preços no mercado imobiliário e voltar para o Alentejo também não porque, apesar de tudo não há muitas pessoas. Foi através de um amigo das Caldas que descobriu este local no centro da cidade e após uma visita percebeu que seria o local ideal.
Durante o tempo de remodelação do espaço, o responsável aprofundou o conhecimento na arte da padaria artesanal. “Durante as obras, comecei a aceitar menos trabalhos em eventos para ir treinando as técnicas e definindo as receitas que queria ter na padaria. Também fiz toda a parte de mobília da padaria com a ajuda de um amigo que trabalha nessa área, desde os balcões, à estante do pão”, revela.
A inauguração aconteceu cerca de um ano depois, a 23 de março, sábado, para que todos pudessem provar os produtos. A MEXIA — padaria artesanal abriu oficialmente na quarta-feira, dia 27 desse mesmo mês.
Todos os produtos são feitos com massa mãe e uma fermentação lenta de 24 horas. Os ingredientes são apenas farinhas de moleiro, do Paulinho Horta, água e sal. O espaço, na Rua Alexandre Herculano, 88, funciona de quarta-feira a sábado, das 8 às 13 horas, ou até acabar o stock, pois é uma produção artesanal e limitada.
Todas as semanas, o menu é partilhado na montra da loja e no Instagram. Na padaria podem encontrar-se sempre os pães de trigo e trigo com sementes, em dois formatos, pão de quilo e bolinhas individuais e também os brioches e brioches com chocolate. Além destes, há sempre algum produto diferente, para simplificar a produção, que pode ser pão de mistura com centeio, focaccias de alecrim e de alecrim com tomate ou pãezinhos com cachaço.
“Desde a abertura têm sido meses de muito trabalho uma vez que sou apenas eu a tratar de tudo, desde a produção, atendimento, limpeza e gestão de todo o negócio, mas muito recompensador quando se ouvem os feedbacks de todas as pessoas que me têm recebido tão bem”, remata Miguel fazendo um balanço bastante positivo destes primeiros meses da MEXIA.
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