Aquela que é conhecida como a Rua do Jardim dá-lhe mais um motivo para sair de casa e aproveitar o melhor que as Caldas da Rainha têm para oferecer — mesmo nos dias mais frios. A Aromas é um espaço onde os gelados artesanais são feitos para serem saboreados em qualquer altura do ano.
Esta rua, outrora discreta e apagada, tem vindo a ganhar uma nova dinâmica com a abertura de espaços modernos e acolhedores, perfeitos para quem gosta de descobrir novos sabores. Pode começar o dia com pão de fermentação natural na Padaria Mexia, experimentar um café de especialidade moído na hora e torrado pela casa no Ørigem Specialty Coffee, ou relaxar ao fim da tarde com um copo no gastrobar GareDens, por exemplo.
Com a chegada desta nova gelataria ao número 78 da Rua Alexandre Herculano (a morada oficial), este ponto de passagem junto à Rodoviária das Caldas está a transformar-se no roteiro ideal para quem adora boa comida e espaços acolhedores.
Gaspar Brites é o mentor e proprietário da Aromas. Nascido em 1964 nas Caldas da Rainha, e descendente de cabo-verdianos, passou pela Bordallo Pinheiro, onde trabalhou como ceramista, e depois esteve em Torres Vedras, numa empresa de design.
Os gelados chegaram mais tarde, quase como brincadeira, quando ajudou a produção de uns amigos. Depois, seguiu-se a experiência com os ditos “típicos gelados normais”. Esse primeiro contacto levou-o querer aprofundar conhecimentos na área.
Estudou em Rimini, Itália, onde descobriu o verdadeiro rigor e técnica da gelataria artesanal. “Foi lá que eu percebi que nada sabia”, confessa. “Quando cheguei a Itália, pensava que já sabia muita coisa. Tudo o que me ensinaram não tinha nada a ver com a realidade”, conta empreendedor, de 60 anos, que antes de abrir o seu negócio ainda passou pelo Canadá.
Foi por lá, aliás, que ganhou o primeiro lugar no Vancouver International Wine Festival, em 2018. O sorvete de cenoura e citrinos, “à la piemontesina”, harmonizado com um espumante Mondo del Vino, conquistou o prémio do júri.
Todo este trajeto, e as diferentes ferramentas e experiências reunidas, acabaram por se revelar fundamentais para criar um produto de qualidade, e diferenciado dos gelados industriais ou pré-formatados, como garante Gaspar.
Os gelados
O responsável conta à NiO que aposta em ingredientes de excelência, da fruta ao leite. O pistáchio, por exemplo, vem diretamente do Irão e é torrado e moído no laboratório de Gaspar, garantindo um sabor e uma textura autênticos. O processo, que demora cerca de meia hora, inclui técnicas de pasteurização avançadas e a utilização de salmoura com glicol. Este método conserva os gelados de forma eficiente, mantendo o sabor e a textura intactos.
Esta técnica também garante que o gelado esteja sempre à mesma temperatura (12 graus negativos), “menos frio”, para que os sabores possam ser devidamente apreciados. “A ideia não é anestesiar as pessoas quando comem o gelado”, brinca Gaspar.
O retorno que tem tido indica que esta a fazer um bom trabalho. As fórmulas variam, consoante os protagonistas, mas combinam 55 por cento de fruta, transformada em pasta, natas frescas, leite cru e açúcar.
“Se for feito com esta panóplia de ingredientes de qualidade, temos um alimento rico. Os italianos dizem que o gelado é um alimento, e com razão. Criado da forma certa, o gelado é um alimento. E muito, muito bom”, refere. As opiniões dos clientes, que comentam “Isto sabe mesmo a caramelo. Isto sabe mesmo a limão”, tem sido o melhor indicativo de que está no caminho certo.
Quando as tinas são abertas, sente-se um aroma no ar. Aliás, o nome deste estabelecimento, que abriu no dia 14 de novembro, não foi escolhido ao acaso. A Aromas chegou às Caldas da Rainha nos meses mais frios com uma missão clara: desmistificar a ideia de que o gelado é apenas uma sobremesa de verão. Gaspar recorda o seu hábito de comer gelado junto à lareira e partilha um facto curioso: os países nórdicos lideram o consumo de gelado per capita.
Curiosamente, a primeira venda foi feita às 10h40 da manhã a uma portuguesa: um sorvete de dióspiro. Um pequeno gesto que, segundo Gaspar, reflete uma mudança de mentalidades que começa a acontecer.
O compromisso com a qualidade não fica barato, desde a matéria-prima até às longas horas passadas a criar e preparar receitas, muitas vezes durante a noite, e do tempo roubado à família. Tudo isso reflete-se nos preços dos gelados, que variam entre 2,60€ e 7,20€, consoante o número de sabores escolhidos.
Servidos em copo em cone, os gelados da Aromas têm sabores que variam desde os clássicos, como a baunilha biológica, o morango ou o pistáchio (que tem sido uma tendência entre os apreciadores), até aos sabores mais inusitados. Para os mais aventureiros, há opções como “black sesamo” e criações sazonais, como o gelado de bolo-rei, feito com bolos-reis da parceria entre o Pingo Doce e a Confeitaria Versailles.
Este último traz consigo uma história curiosa, partilhada por Lina, esposa e apoio de Gaspar neste negócio. Durante a época natalícia, os clientes começaram a levar o gelado para casa, servindo-o na Consoada como complemento ao tradicional bolo-rei. A equipa da NiO provou esta criação e garante: sabe mesmo à sobremesa natalícia.
Para quem procura algo mais substancial, há crepes (a partir de 3,80€) e waffles (a partir de 4,50€), com receitas próprias, feitos na hora e que pode completar com toppings variados. O menu inclui ainda café de alta qualidade, da linha de alta gama da Nicola, e um chocolate quente irresistível, preparado com 100 por cento cacau (2,80€ a 3€).
Pode saboreá-los num espaço acolhedor, decorado com quadros 3D com utensílios antigos de fabricação de gelado, da autoria do próprio Gaspar. Também é possível comprar gelado para levar. As embalagens estão disponíveis em dois tamanhos — um litro (24€) ou meio litro (14,50€).
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