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Este fotógrafo visitou os McDonald’s mais incríveis de 55 países (incluindo Portugal)

No final, juntou tudo no livro “McAtlas”. Há restaurantes em estâncias de esqui, dentro de aviões ou em jardins de chá.
Alguns dos exemplos.

Gary He ainda guarda um retrato que a família lhe tirou, em miúdo, a montar um baloiço no parque infantil do McDonald’s do bairro onde cresceu, em Brooklyn, nos EUA. O fotógrafo acredita que “toda a gente tem uma relação” com a famosa cadeia de fast food e, no seu caso, a história muda todos os meses.

Há alguns anos, o artista estava num estabelecimento da empresa, numa aldeia em Marrocos, durante o mês do Ramadão, quando teve uma ideia. Ao reparar que havia um menu especial para o período em que os muçulmanos quebram o jejum, decidiu documentar esta descoberta.

“Não consegui encontrar nada sobre isto na Internet. Enquanto fotofornalista e entusiasta da gastronomia, perguntei-me: como é possível que a maior cadeia de restaurantes do mundo não tenha documentado isto algures?”, revelou He ao canal norte-americano CBC.

O momento deu origem ao “McAtlas: A Global Guide to the Golden Arches,” um livro de fotografias de 420 páginas, autopublicado pelo artista em novembro de 2024. É o resultado das viagens por mais de 55 países, em seis continentes, a fotografar não só os restaurantes mais bonitos, mas também as ementas e os habitantes locais.

“Não tenho uma contagem exata, mas já estive em centenas de McDonald’s”, revela, brincando com a quantidade de fast food que comeu durante estas aventuras. “É preciso andar muito quando se viaja tanto. Por isso, felizmente, ficou equilibrado.”

Um estabelecimento numa estância de esqui, na Suécia, no interior de um jardim de chá japonês, na Singapura, uma loja em formato de Happy Meal, na Guatemala, ou até mesmo dentro de um avião desativado, na Nova Zelândia, ou no interior de uma estação de comboios, na Hungria. Estes são apenas alguns dos muitos exemplos únicos captados por He.

“É a refeição mais tranquila que alguém fará num McDonald’s na vida, observar um lago de carpas com peixes e tartarugas a nadar, enquanto come um hambúrguer McSpicy”, refere sobre a visita ao famoso Ridout Tea Garden, em Queensway, na Singapura.

No livro, destaca-se também o restaurante em Melbourne, Austrália, que fica num antigo prédio estilo art déco, que costumava ser a morada de um pub. Do maior McDonald’s do Médio Oriente, no Kuwait, ao primeiro restaurante construído na China, no interior da zona comercial central de Shenzhen, em 1990, há espaços de várias épocas.

E nem Portugal ficou de fora. Uma das imagens é da loja que fica no interior de um edifício histórico na Avenida dos Aliados, no Porto, desde 1955. A escultura gigante de uma água, em bronze, da autoria do português Henrique Moreira foi o que mais chamou à atenção. Depois, reparou nos gigantes candelabros de cristal do espaço que, nos anos 30 e 40, foi o famoso Café Imperial.

Gary He afirma, porém, que não é um livro sobre a McDonald’s. É antes “uma antropologia social visual da maior cadeia de restaurantes do mundo”, diz o norte-americano, em entrevista à CNN. “Queria atrair pessoas que normalmente não leriam ou se interessariam pela antropologia social e torná-la acessível através de fotografias coloridas de locais extraordinários.”

O fotógrafo é um fã assumido da cadeia. Quando chegava a uma nova cidade, entrava num dos estabelecimentos locais e ficava a observar os pedidos mais populares. Depois, encomendava os mais comuns, levava-os para o quarto de hotel para os dispor, fotografar e, só depois, comer.

Após este exercício, começou a notar como a cadeia incorporava sabores e ingredientes locais no menu, desde os McGyros da Grécia às McBaguettes de França. “Não se constrói a maior cadeia de restaurantes do mundo à custa dos turistas”, acrescenta. “São os habitantes locais e o que eles precisam e querem.”

Um exemplo é o McSpaguetti, nas Filipinas. Uma das refeições mais populares do país é o esparguete com ketchup de banana e a empresa decidiu que teria de fazer a sua própria verão. Porém, acredita que o hambúrguer de ovo bulgogi, na Coreia do Sul, é o mais delicioso que já comeu.

Embora “McAtlas” seja uma espécie de carta de amor à marca, a mensagem não foi bem recebida. O autor afirma que, apesar das inúmeras tentativas de contactar os escritórios, a empresa não se mostrou interessada em envolver-se neste projeto. “Não financiaram nada. Este é um trabalho independente de jornalismo”, frisa He.

E, embora a obra esteja concluída e publicada, não tem a certeza se alguma vez o trabalho estará realmente terminado. “O McDonald’s é um restaurante em constante mudança e evolução. Mesmo durante o tempo em que estive a trabalhar neste projeto, aconteceram coisas importantes em todo o mundo”, conclui.

O livro pode ser comprado online através da página oficial do “McAtlas”. A versão standard custa 49,95€, mas também é possível adquirir a versão especial assinada, pelo dobro do preço.

Carregue na galeria para ver algumas das imagens que Gary He tirou aos McDonald’s mais únicos do mundo.

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