Em Ferrel, uma pacata vila a poucos minutos de Peniche, nasceu o Sol, um café de especialidade que desafia o ritmo frenético do quotidiano. Todo o conceito é o reflexo da visão de Enrico Garziera, natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, que ali encontrou o lugar ideal para viver e cumprir o sonho de abrir um café.
Enrico chegou a Portugal há cinco anos à boleia do Mestrado em Gestão Cultural na ESAD, nas Caldas da Rainha. Na bagagem, trouxe o gosto pelo café de especialidade, a que sempre esteve ligado, e o know-how sobre vinhos, herdado do negócio da família no sul do Brasil. Abrir um café foi a oportunidade perfeita para juntar essas paixões e fixar-se em Portugal.
“Ferrel é um lugar que não para”, conta-nos o brasileiro de 31 anos. “Quem não vive aqui, ou não faz parte do dia-a-dia, talvez não perceba a dimensão deste lugar e o quão famoso ele é na Europa”. Com as praias do Baleal e da Almagreira tão perto, Ferrel faz parte da rota do surf. É lá que residentes locais, nómadas digitais e todos os que procuram um estilo de vida mais próximo da natureza e do mar, formam uma comunidade muito especial.
Para Enrico, este era o público certo para o espaço que tinha idealizado. Sem concorrência à vista, soube aproveitar a oportunidade. Mais do que um simples negócio, o Sol, aberto desde o verão de 2023, acabou por se tornar no ponto de encontro da comunidade, e um lugar onde parece que os relógios andam mais devagar.
“O Sol quer ser um lugar do dia-a-dia, onde as pessoas possam aproveitar, relaxar, ler, trabalhar, rir”, refere o responsável. E é exatamente isso que o espaço transmite. O ambiente é simples e acolhedor, com mesas pequenas e uma maior, comunitária, onde pode ficar a trabalhar, por exemplo. Há também poltronas confortáveis, perfeitas para sessões de conversa e tricô, ou para a leitura descontraída de uma das revistas ou dos fanzines espalhados pelas paredes.
Além disso, o Sol tem merchandising próprio, como T-shirts, ao qual se juntam chapéus e cerâmicas de autor, tudo de criadores independentes. Lá fora, o ambiente tranquilo estende-se às escadas e ao passeio, onde as pessoas se sentam com café ou um copo de vinho na mão. Tudo isto, claro, ao som de uma banda sonora oferecida por cassetes.
“Só reproduzimos música no formato cassete. Não entra Spotify, não entra nada além de cassete. Sempre achei que era algo que fazia sentido aqui, então é uma regra que nós temos”, conta Enrico. E, como o analógico tem estas particularidades, é preciso alguém a mudar o lado ou a trocar a cassete de vez em quando. No entanto, há também um aviso escrito a vermelho na parede, por cima do leitor, que convida as pessoas a “desfrutar do silêncio”.
A seleção musical é variada, e vai de Zeca Afonso a Modern Talking. São verdadeiras relíquias, encontradas em feiras de velharias ou oferecidas por amigos e clientes, e que tornam a experiência no Sol ainda mais especial.
Café, comida apetitosa e vinhos naturais
A paixão pelo café reflete-se em cada detalhe. “Trabalhamos com duas microtorrefações portuguesas incríveis: a Comēte , de Lisboa, e a von & vonnie, do Porto”. A esta vontade em querer “oferecer o melhor café possível”, soma-se uma torrefação convidada, que vai variando todos os meses, para que todos tenham a possibilidade de experimentar algo diferente.
Para saborear estes cafés, pode escolher entre diferentes métodos e preparação, como Aeropress (4€), Chemex (5,50€) e V60 (5€). Quem não dispensa o shot de cafeína matinal, não se apoquente, que o café espresso (1,50€) também faz parte da lista.
A cozinha, aberta até às 15 horas, tem propostas criativas e deliciosas, como a Tamago Sando (7€), uma sanduíche japonesa com salada de ovo, ou a focaccia com labneh ou abacate (7,50€). Para sobremesa, o popular cheesecake basco com doce de frutos vermelhos (4,50€) é imperdível.
De tarde, o foco é no café e nos vinhos naturais (que podem ir de 3,80€ a 4,80€ o copo, dependendo do que estiver a ser servido), perfeitos para relaxar enquanto o Sol ilumina as ruas escondidas de Ferrel.
O Sol está aberto de quarta a sábado, entre as 10 e as 17 horas, mas os horários “não são rígidos”, como Enrico faz questão de sublinhar, e seguem o ritmo da comunidade. Se estiver a pensar em passar por lá, o melhor é espreitar a página de Instagram antes de se por caminho. Principalmente naquelas dias em que o mar e a praia possam estar mais convidativos.
Até lá, carregue na galeria para conhecer o espaço.