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Dona Branca: a pizzaria mais democrática das Caldas da Rainha

O spot promove eventos semanais e até pode dar um pé de dança ou arriscar a jantar com desconhecidos.
Pizzas com uma massa muito leve e crocante.

É sabido que a rainha D. Leonor se rendeu às águas termais das Caldas da Rainha e, em 1485, fundou o Hospital Termal, o mais antigo do mundo. Em novembro de 1888 chega a Caldas o arquiteto e engenheiro de formação, Rodrigo Berquó, para se instalar na então vila como presidente do hospital.

Homem viajado e culto, Berquó era experiente no assunto e um progressista. Diz-se até que talvez tenha sido um homem incompreendido para o seu tempo. A sua visão estratégica veio revolucionar a pacata vila.

A casa onde residia, desenhada por ele e paredes meias com a unidade de saúde, voltou a receber visitantes o ano passado. Berquó era muito próximo do rei D. Carlos I e reza a lenda que os convidados do monarca ficavam em casa do amigo e o próprio rei para lá escapava para noites de paródia.

Na antiga garagem e no pátio exterior é hoje a Pizzaria Dona Branca. Entre uma fatia de pizza e uma cerveja artesanal, este é um espaço para estar, ficar e conviver. O projeto nasceu pelas mãos de Tiago Henriques, um empresário de 36 anos, natural do Ribatejo, mas que cresceu em Alenquer e reside atualmente nas Caldas.

À New in Oeste, o responsável começou por confessar que até há um ano nunca tinha servido um café na vida. O empresário tem formação no ramo da joalharia e até ingressou em Economia na London School of Economics. Porém, como nasceu a primeira filha e abriu duas empresas (relojoaria e tecnologia), o curso ficou para trás.

Em 2023, a Dona Branca abriu num primeiro ensaio para amigos, passou-se um período de soft opening e, atualmente, ainda se estão a limar algumas arestas. O conceito mantém-se, é uma tasca em bom. No fundo é uma fusão entre a tasca e o sofisticado, não é em todo o lado que se pode comer uma pizza e beber uma taça de espumante.

O nome nasceu depois de um brainstorming: “Das pesquisas que fiz, em torno da farinha e das massas, a farinha por excelência na memória coletiva dos portugueses é a Branca de Neve, e foi daí que surgiu o Dona Branca”. Mas assumidamente também remete para a mítica D. Branca, a “banqueira do povo”, tudo depende da geração.

Apesar disso, a farinha usada nas massas das pizzas não é industrial, mas sim uma farinha de moleiro, artesanal, produzida por uma empresa familiar, a Paulino Horta. Eram os antigos vizinhos na casa dos pais de Tiago, onde cresceu, perto de Alenquer.

Um dos parceiros desde o início é a cerveja MUSA, mas neste momento já há cerveja não artesanal. Há três vinhos da casa: tinto branco e espumante. “Uma das nossas assinaturas é pizza e uma taça de espumante. A Dona Branca é sempre este paradoxo entre o terra-a-terra e a tasca, algo um bocadinho mais sofisticado e mais europeu”, conta Tiago.

Tudo isto se nota nos apontamentos. “A pizza é para comer com as mãos”, acrescenta o empresário. Em destaque está um lavatório antigo, para que os clientes lavem, com sabão requintado, as mãos antes e depois da refeição, pois ali talheres é só para quem fizer mesmo muita questão.

A enorme mesa da sala do piso inferior, com tampo em mármore, acolhe quem queira partilhar mesa e uma conversa, provando o novo menu sazonal com inspiração numa viagem ao Mediterrâneo. “Sentimos a necessidade de termos uma alternativa à pizza porque ninguém quer comer pizza todos os dias. Apesar de tudo, Caldas não é uma cidade muito grande, há claramente a necessidade de alargar horizontes”, revela.

Este verão vai haver tajine, ratatouille de sardinha em molho de tomate, couscous, bulgur, queijo Halloumi grelhado, alguns confecionados no forno de lenha das pizzas. Será um menu sazonal de verão. Os ingredientes são praticamente todos adquiridos em pontos de venda locais, incluindo a Praça da Fruta, e chegam à mesa o mais frescos possível.

“A pizza será sempre o nosso core, mas com o intuito de sermos mais inclusivos, poder oferecer alternativas sem glúten por exemplo e agradar a todos os palatos, sentimos necessidade de diversificar”, conclui Tiago acerca destas mudanças na carta.

Summer Sessions e jantares com desconhecidos 

Outra aposta do espaço é a programação cultural. As Summer Sessions (das 22 horas às duas da manhã) nasceram o ano passado. “Foi um evento que rapidamente se afirmou aqui nas Caldas.” E, claro, este ano estão de volta.

É só ficar atento ao Instagram para ver quando se irão realizar, normalmente é anunciada a data com uma semana de antecedência. Em agosto vão acontecer nos dias 3 e 17. Para a primeira, o dress code é temático “pink” e, dia 17, o tema é o filme “Dirty Dancing”.

Outro evento de sucesso, e bastante original, são os jantares com desconhecidos, pizza with strangers. São jantares com o valor de 25€ e que requerem inscrição prévia através das redes sociais. A lotação máxima é de 12 pessoas, por isso o melhor é reservar com antecedência. 

 
 
 
 
 
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No valor está incluído um welcome drink, entrada, pizza, sobremesa e café. O momento começa às 19h30 e estende-se até à uma da manhã. Quanto a sobremesas, só há duas: pudim de ovos e mousse de chocolate com um twist, é servida com um fio de azeite e umas pedras de flor de sal. E é só incrível.

Este espaço é incrivelmente descontraído, acolhedor e igualmente sofisticado. A comida é maravilhosa e a música ótima. A mesa grande está sempre disponível (não se fazem reservas para aquela mesa), mas se quiser reservar há espaço para isso no segundo piso. “A Dona Branca quer-se democrática e para todos” diz Tiago e confirma-se. É, sem dúvida, um espaço que dificilmente não agradará a todos, incluindo os patudos uma vez que é pet friendly.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Provedor Frei Jorge de São Paulo, 26
    2500-106 Caldas da Rainha
  • HORÁRIO
  • De quarta-feira a domingo das 12h30 às 14h30 e das 19h às 22h
PREÇO MÉDIO
Entre 10€ e 20€
TIPO DE COMIDA
Pizzaria

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